“As três novas variedades vêm compor o arsenal biológico que contribuirá para a verticalização da produtividade dos canaviais paulistas e brasileiros”, diz o líder do Programa Cana IAC e diretor-geral do Instituto Agronômico, Marcos Guimarães de Andrade Landell. Com produtividade 13% superior à variedade mais plantada no Brasil atualmente, a IACSP04-6007 é uma ótima alternativa para o setor sucroenergético. Esse acréscimo representa 10 toneladas a mais de cana por hectare. “Esses ganhos são ainda maiores nos nichos regionais para onde ela é indicada”, afirma Landell. É também muito versátil por apresentar excelente adaptação à região Sul e Centro Paulista até o Norte do Paraná e o Mato Grosso do Sul.
As três variedades reúnem excelentes características agroindustriais. O porte ereto contribui para o melhor desempenho das máquinas no plantio e colheita mecanizados.
A IACSP04-6007 e a IACCTC05-9561 têm alta velocidade de crescimento inicial, característica que faz suas folhas fecharem mais rapidamente, causando sombras que evitam o surgimento de plantas daninhas. “Essa característica de fechar bem resulta numa espécie de guarda-chuva foliar, que protege a planta ao combater as ervas daninhas”, explica. O benefício alcançado é a redução do uso de herbicidas. O crescimento veloz também permite seu plantio mais tardio. “Estamos bem impressionados com o desempenho da variedade IACSP04-6007, pois vem se adaptando muito bem nos nossos ambientes de produção, que são muito restritivos. A variedade é rústica, estável ao longo dos cortes, mantém peso e ATR altos, principalmente nos anos que enfrentamos seca severa”, diz Darci Emerson Moro Conche, gerente agrícola da usina Zilor, em Quatá, interior paulista.
IACSP04-6007
Foi originalmente selecionada na região Sudoeste do Estado de São Paulo, onde há menor déficit hídrico. Já apresenta áreas expressivas de cultivo nos Estados do Mato Grosso do Sul e Paraná, além de estar também na própria região de origem, no município de Assis, interior paulista. Atualmente, tem despertado muito interesse e vem ganhando espaço nas regiões Norte e Oeste do Estado, além do Triângulo Mineiro. “Apesar de oriunda de região de clima mais ameno, quando em região mais quente, também tem se destacado inclusive em Goiás e Oeste paulista, desde que em solos com melhor capacidade de armazenamento de água”, explica Landell. A IACSP04-6007 tem ótima maturação desde o início de safra, em abril, até o final, em setembro.
IACCTC05-9561
Desenvolvida no Oeste baiano, região muito peculiar e com aspectos produtivos limitantes, a IACCTC05-9561 tem se destacado em condições muito desafiadoras: o Cerrado brasileiro. É muita adaptada ao Norte de Goiás, onde está sendo plantada na usina Jalles Machado. Indicada para ambientes médios a favoráveis, sua adoção também vem crescendo em São Paulo, e Paraná. O coordenador de pesquisa do Grupo Jalles Machado, Waldemir Queiroz, também elogia a IACCTC05-9561: “Sua produtividade inicial é em torno de 120 toneladas, por hectare, nos ambientes da Jalles juntamente com a melhoria de ambiência da Usina”, afirma. Dentre as inúmeras características positivas da IACCTC05-9561, destaca-se a ótima adaptação à mecanização e uma excelente opção nos manejos avançados de canavicultura. “Além disso, a uniformidade biométrica e o rápido crescimento proporcionam a ela excelentes produtividades ao longo dos cortes”, comenta Landell.
IACCTC05-2562
A IACCTC05-2562 tem crescimento inicial mais lento, portanto, tem menor volume de folhas. Isso é positivo porque, no período da seca, quanto mais folhas tiver a planta, maior será a perda hídrica pela massa foliar. “A cana com fitomassa não muito grande fica mais protegida do déficit hídrico, por não perder tanta água pela evapotranspiração”, esclarece o cientista do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA). Para Marcio Pereira, encarregado de variedades da Unidade Santo Antônio, Grupo Balbo, a IACCTC05-2562 se destaca pela adaptação à mecanização, facilidade de brotação e boa longevidade. “Mesmo em cortes avançados nos nossos viveiros colhidos mecanizados, ela não tem falhas”, comenta Pereira.
Desenvolvida na região de Ribeirão Preto, a IACCTC05-2562 é originária da variedade CTC4, uma das mais plantadas, com o diferencial de ter boa resistência à ferrugem, além do bom desempenho do Paraná até Tocantins. Em bons ambientes e ela tem alto desempenho. “É uma variedade que nasce muito bem, fecha muito bem as entrelinhas e colhe muito bem”, resume Landell.
Estratégia de alto potencial para nichos regionais
O pesquisador ressalta que essas novas variedades comerciais foram desenvolvidas dentro da estratégia de alto potencial para nichos regionais. A composição do canavial deve ser diversificada, isto é, devem ser usadas cerca de dez diferentes variedades para seguir a recomendação de cada material representar, no máximo, 15% da área total. “A complexidade é o que leva à produtividade de 120 toneladas, por hectare, na média dos cinco cortes, otimizando os nichos regionais e usando as variedades mais adaptadas a cada localidade”, complementa. O Programa Cana IAC adota a estratégia de identificar todas as variedades desenvolvidas com seus perfis regionais para que o produtor não erre ao escolher determinada variedade para a sua região. O objetivo é disponibilizar as orientações como se fosse uma “bula”, que traz todas as características dos materiais biológicos e seus respectivos desempenhos de acordo com o ambiente onde são plantados.
Por que é importante o porte ereto da cana?
As máquinas de plantio e colheita de cana funcionam melhor com canas de porte ereto. Na colheita mecanizada, as folhas são descartadas e deixadas no solo, conservando-o de processos erosivos e livrando-o de perdas hídricas. Além disso a cana ereta ajuda a reduzir a impureza mineral, que resulta do contato da cana com o solo, no momento da colheita. “Quando a cana tomba e encosta no chão, as impurezas vão para dentro da indústria, reduzindo a qualidade da cana”, explica Landell. Outro fator que contribui para o funcionamento das máquinas é a uniformidade biométrica da cana, isto é, a planta ter a mesma altura e o diâmetro de colmos “Os equipamentos de plantio e colheita funcionam melhores quanto maior a uniformidade do material biológico”, atesta.
Boletins podem ser acessados no site do IAC
O Boletim Técnico que aborda as novas variedades de cana – IACSP04-6007, IACCTC05-2562, IACCTC05-9561 -, e o Boletim Técnico com informações do Censo Varietal IAC de Cana-de-açúcar no Brasil, safra 2019/2020, e na Região Centro-Sul, safra 2020/2021, podem ser acessados no site do Instituto Agronômico. “Os boletins estão disponíveis na versão impressa e on-line, com redação técnica, tornando a comunicação prática e acessível entre o IAC e o público usuário”, comenta o pesquisador e diretor do Centro de Cana IAC, Mauro Alexandre Xavier.
A transferência dessas tecnologias IAC ocorreu neste mês de novembro, quando a Secretaria de Agricultura completou 130 anos.
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