Novas tecnologias e seguro rural são caminhos para segurança do produtor

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Breno Felix, CPO da Agrotools

Segundo dados do MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária), considerando financiamentos de todas as fontes, como crédito rural, recursos livres e mercado de capitais, o agronegócio brasileiro tem apetite para ser um mercado de mais de R$ 1 trilhão. Por outro lado, as 10 maiores empresas do setor de recuperação judicial acumulavam, até outubro de 2024, dívidas que somavam aproximadamente R$ 12,3 bilhões.

De acordo com Breno Felix, CPO da Agrotools, maior ecossistema de soluções digitais para o agro, esse cenário é decorrente de uma série de fatores. “Oscilações no valor de commodities como soja, milho e carne bovina, riscos atrelados às mudanças climáticas, incertezas econômicas, todos esses aspectos geram desafios financeiros intensos tanto para grandes quanto pequenos produtores”, explica.

Por conta dessas questões, as empresas acabam lidando com vários problemas, que trazem instabilidades para o setor como um todo. “Companhias em recuperação judicial enfrentam dificuldades para acessar crédito, já que instituições financeiras consideram o risco elevado. Isso pode limitar investimentos em tecnologia, expansão e até mesmo na manutenção da produção. Ou seja, é um efeito dominó, que desestabiliza o mercado inteiro”, explica o executivo.

Soluções tecnológicas – Apesar desse cenário instável, o agronegócio já se movimenta para buscar estratégias que mitiguem as dificuldades ligadas ao financiamento. É o caso das tecnologias digitais, que auxiliam os produtores a estabelecer uma gestão de riscos mais eficaz.

São exemplos: o monitoramento por satélite, que permite acompanhar em tempo real o desenvolvimento das safras e a qualidade da terra; a análise de crédito com dados geoambientais, que avalia a viabilidade de concessão de recursos com base em informações territoriais; e ferramentas de ESG (sigla para “Ambiental, Social e Governança”) e compliance, que garantem conformidade com padrões socioambientais, reduzindo riscos regulatórios.

“A tecnologia é essencial para acompanhar a evolução dos processos e garantir agilidade nas entregas”, afirma Felix. “Com apenas alguns cliques e inserção de dados de interesse, as operações passam a ter informações de qualidade no menor tempo possível, o que assegura a estabilidade da cadeia produtiva”, completa.

Seguro rural – Outra alternativa que reduz os desafios financeiros no agro é o seguro rural, que funciona como uma salvaguarda para o produtor em relação às adversidades do setor. Apesar disso, o serviço ainda não possui uma grande adesão no Brasil; a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) avaliam que apenas 10% a 15% das fazendas do país utilizam essa estratégia.

“O seguro rural é uma opção extremamente eficaz para que o produtor se blinde de problemas, já que abrange toda a sua cadeia de atividades”, pontua o CPO da Agrotools. “Desde as operações até o seu patrimônio, essa alternativa afasta os riscos habituais do segmento e garante que as suas movimentações financeiras sejam mais assertivas”, complementa.

O executivo ainda acrescenta que, no caso do Brasil, estratégias como essa são ainda mais importantes, já que o agronegócio é um setor-chave no país; esse mercado representa 22% do Produto Interno Bruto Nacional (PIB), como aponta o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP).

“O impacto econômico e social de uma gestão financeira segura no agro é gigantesco”, ressalta o executivo. “A desatenção nesse quesito afeta não apenas produtores e investidores, mas também toda a economia brasileira e a de outras nações, uma vez que somos líderes no fornecimento de produtos desse segmento. É um assunto de extrema relevância para o país atualmente”, finaliza.

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