Produzir leite no Brasil ficou mais barato pelo segundo mês consecutivo. Em setembro, o Índice de Custo de Produção de Leite (ICPLeite/Embrapa) registrou queda de 1,1%, segundo dados do levantamento mensal conduzido pela Embrapa Gado de Leite. No trimestre de julho a setembro, o recuo acumulado chegou a 1,5%, um alívio importante para os produtores depois de meses de pressão sobre as margens.
Mesmo com a retração recente, o custo de produção segue em trajetória ascendente no longo prazo. No acumulado de janeiro a setembro, o índice ainda mostra alta de 2,3%, e em 12 meses a inflação de custos chega a 4%. O principal fator por trás da redução em setembro foi a queda nos preços dos insumos alimentares. O grupo Volumosos apresentou retração de 2,2%, enquanto os Concentrados caíram 1,4%. Quatro dos sete grupos que compõem o índice — mão de obra, energia e combustível, qualidade do leite e minerais — não tiveram variação no mês, enquanto sanidade e reprodução registraram leve alta de 0,5%.
No acumulado de 2025, os maiores aumentos ocorreram em minerais (+15,8%), energia e combustível (+12,7%) e qualidade do leite (+8,8%). Já os custos com concentrados (-0,2%) e volumosos (-1,3%) ajudaram a frear a inflação no setor.
Alta ainda é expressiva no acumulado de 12 meses – Na análise dos últimos 12 meses, o ICPLeite acumulou elevação de 4%. O item com maior impacto foi minerais, com alta de 17,4%, seguido por energia e combustível (+8%), qualidade do leite (+6,5%), mão de obra (+6,3%) e sanidade e reprodução (+5,1%). Já os custos com concentrados (+2,6%) e volumosos (+0,1%) tiveram variação mais contida.
O levantamento mostra que, após um período de forte aceleração em 2024, os custos apresentaram comportamento mais volátil em 2025, com tendência de desaceleração. Mesmo assim, o cenário ainda exige atenção dos produtores, que continuam enfrentando pressões importantes em itens estratégicos da produção.
A queda no custo de produção traz um alívio ao produtor, mas especialistas alertam que os efeitos da alta acumulada em energia e minerais ainda impactam a rentabilidade. A expectativa é que a tendência de recuo dos preços dos insumos alimentares se mantenha no curto prazo, abrindo espaço para margens mais favoráveis — sobretudo com a proximidade do período de maior produção de pastagem no país.