Ele é Engenheiro Agrônomo graduado na Faculdade da Universidade de São Paulo em Piracicaba (ESALQ – USP), na virada do século. Fundador e Presidente do site especializado em Pecuária BeefPoint, fundador do AgroTalento, curso de crescimento pessoal, e organizador do evento BeefSummit, nos anos 2010. Filho de família de pecuarista, traz sempre um sorriso largo no rosto e é apaixonado por marketing, liderança no agro, comunicação digital e inovação.
Miguel vive viajando o mundo. E passou por Campinas no fim de setembro para fazer uma palestra no Simpósio da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram). Sobre como o agro brasileiro vai resistir às próximas gerações. Como será?
“O líder, do empreendedor rural, o pecuarista é um treinador, gestor, líder. E necessita de um EPI todo dia. Seu equipamento de proteção individual. Que é energia, presença e intenção. Pense em momento chaves do seu negócio. A contratação, a negociação, o bom movimento. Você tinha a energia de que precisava. E performou bem.”
“Anote ideias e aprendizados. E pense. Qual é a sua linha do tempo? Qual a história da sua família? Há quanto tempo ela trabalha no agronegócio? E quanto tempo você pretende seguir no mesmo segmento? No mundo inteiro, a resposta é ‘para sempre’. Porém, o que importa é a sua marca ser relevante e não velha. E permanecer interessante no futuro. Use o passado como alavanca. E trabalhe sem parar.”
“Criar filhos e cuidar das novas gerações é difícil. Entretanto, é necessário. Fale com eles sobre o medo deles. Ajude-os. Eles têm muito bloqueios quando são jovens. Tente auxiliar no que puder. Reflita sobre isso.”
“Tenho várias qualidades e defeitos. Mas você já honrou as suas habilidades? E como está usando? Que exemplos está dando para as próximas gerações? Nossas vidas têm muitos problemas, mas elas dão argumentos para mostrarmos a nossa história às pessoas. Não peça desculpas pelo seu trabalho. Honre quem você é.”
“Futuros podem ser inventados. E é a melhor maneira de criá-los. Conhecimento é um insumo essencial. A informação viaja no espaço e no tempo de um outro jeito. As coisas mais importantes das fazendas agropecuárias não é o que se debate nos eventos. Trouxemos muita tecnologia e dados para os homens do setor. Gestão de pessoas, resultados. Hoje, temos uma máquina de ensinar e aprender. Vocês estão ensinando e aprendendo com os seus clientes?”
“A pergunta mais importante é por quanto tempo você deseja que a sua família permaneça no agro”.
“Para os retardatários, a vida é ruim demais. Cada reunião é uma lamúria. Eles pensam que nada vai dar certo. Entretanto, existe uma infinidade de variações de empresas, profissionais, colaboradores e técnicos. Quem vai estar no mercado amanhã? Os melhores, mais competentes. As melhores pessoas. E quem olha a financeiro”.
“Tenho um cliente de 72 anos. Um autêntico menino. Ele é de Minas Gerais, apaixonado por carro de boi, e inspira os caras mais novos porque tem mais energia do que meninos de 30 anos. A idade não diz nada. O que muda é quem acredita no futuro”.
“Com quem você está andando? Com quem vai andar amanhã. Seu futuro precisa ser maior do que o seu passado. Tenho outro cliente, de 82 anos, que está construindo novos projetos, entra no zoom, usa excel, quer passar a fazenda boa para os bons filhos. Tem pessoas, negócios rodando”.
“Fui aos EUA e à Austrália conferir o que está ocorrendo lá. Os americanos estão ficando atrás dos brasileiros. Margens apertadas, problemas com as pessoas. É o tema mais caro. A idade média dos produtores é de 58 anos. Apenas 9% têm menos de 35 anos e não são meninos. E os outros precisam cuidar de contratos, compras, vendas, pagamentos, etc.”.
“Nos frigoríficos, observamos gente de mais de 10 países, recebendo 21 dólares por a hora. E olhe que é tudo ‘orelha seca’, não sabe de nada, precisa ser treinada. O americano não quer saber de ocupar as vagas de trabalho. Um amigo meu contou que ele precisa ir atrás de imigrante, conseguir visto para ele, autorização do governo americano, passar por processo administrativo, divulgar obrigatoriamente a vaga para o caso de um americano desejar”.
“O desafio lá é maior do que aqui. Mas têm oportunidades, é claro. Pessoas que compram fazendas, atuam no negócio e trabalham bem com a marca. Existe uma propriedade centenária que foi comprada por 192 milhões de dólares e virou referência mundial em conteúdo e marca. Vendendo até casacos e tendo série exibida na televisão com toda a história. É a ‘Four Six’. O mesmo que fez o açougueiro e influenciador da carne vermelha brasileiro Rogério Betti. Ele pegou o açougue da família e deu glamour à atividade. Marca inspiracional, individual. O cortador de carne antigo era um sujeito sujo. Ele mudou o cenário, valorizou uma nova identidade. E ainda é uma referência no mundo da web”.
“As pessoas não querem saber de vaqueiro. A real identidade é com a história. Estilo de vida, tradição, um monte de coisas para comunicar e construir um futuro. Que coisa fascinante sua empresa está fazendo? Qual sua visão de futuro que vai atrair clientes? E as técnicas tropicais que está usando? Tem que ser competência de dono”.
“Estamos iniciando um estudo de sucessão na fazenda, marketing e relacionamento com as pessoas. Dá para desenvolver várias habilidades, a todo momento. E construir planos para entregar resultados. Liderança é uma combinação de exemplo, visão de futuro e desafio. Minha melhor professora foi de Português. Ela era justa e exigente. Você desafia sua equipe? Desafia a si mesmo? Executa? É uma jornada. Conhece o valor de um aperto de mão? Falo de honra, coragem, valor. Represente quem você é. De onde veio. Para onde está indo. Como vai chegar lá? Sem resposta interessante e fascinante para isso, como vai atrair as novas gerações? Os pioneiros brasileiros sempre tiveram isso dentro deles. Sem saber. Vivemos uma nova era. De profissionalismo, crescimento, avanço, progresso e prosperidade. Desde que você tenha respostas para as pessoas. Pois, então, vença! Faça o que precisa ser feito. Não reclame. Não quebre o combinado que você fez consigo mesmo.
Já é mais tarde do que você pensa. Continue, dê mais um passo adiante”.
“Os produtores estão fazendo diferente. Planejando, inovando, trabalhando com as equipes, complexidade de negócios, usando tecnologias. O que vivemos na agricultura e pecuária hoje foi inventado. Não foi previsto”.


