16 de novembro de 2023

O Brasil está efetivamente preparado para o clima extremo?

O Brasil está passando por momentos climáticos com secas colossais nos rios amazônicos; enchentes no Sul; a maior cidade do país, São Paulo, ficou com áreas inteiras sem luz. Eventos que podem ter relação com o aquecimento global e a devastação ambiental. O aquecimento global afeta a parte viva do planeta, onde estão, segundo algumas estimativas, entre 3 e 100 milhões de espécies. A espécie humana é uma em meio a essa infinidade. O clima no extremo, com ondas de calor ou frio, aumenta os riscos à saúde, eleva a incidência de problemas respiratórios, de câncer, AVC e problemas cardíacos. Alguns vão dizer que eventos extremos sempre aconteceram, mas agora estamos acelerando esses eventos. 99% dos cientistas atestam que a mudança climática é causada pela ação humana.

Vamos usar como analogia um fumante: o tabaco não “criou” os ataques cardíacos e as doenças de pulmão, essas doenças acompanham os humanos há milênios, mas é inegável que o cigarro aumenta enormemente a incidência dessas doenças. Outros dirão que a humanidade tem o poder e a tecnologia para enfrentar o aquecimento global. De fato, assim como tem para acabar com as guerras, a fome e algumas doenças. Desejo sorte… Muitas pessoas guardam na memória alguma área natural que traz boas recordações: uma grande árvore que nos protege com sua sombra, ou mesmo o som da chuva, dos grilos, ou ver a dança dos vagalumes à noite.

A vida moderna nos afastou da natureza, talvez por isso tanto se fale em preservar, cuidar e manter, mas as ações não correspondem ao ativismo digital e ao discurso em geral. Dito isso, quero tratar de uma “criação brasileira”: as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) ressalta a importância das áreas protegidas, que são a base para a conservação da biodiversidade, manutenção do clima e das condições para a agropecuária.

Um grande trunfo das RPPNs é serem áreas protegidas particulares. O pesquisador Beto Mesquita, no livro RPPNs para Sempre, traduz bem o que motiva alguém a criar uma RPPN: “São pessoas que arregaçaram as mangas e foram à luta. Que ousaram deixar posições confortáveis e situações de vida muitas vezes estáveis para se aventurar no mundo da conservação voluntária. É gente que sonha, mas que não se contenta só em sonhar. São seres humanos que, entendendo a beleza e o sagrado de compartilhar este planeta com tantos e tão diversos seres de outras espécies, famílias e reinos, têm dedicado sua vida à proteção da natureza. Dedicam suas vidas e seu patrimônio porque entenderam que a natureza é, de fato, o nosso maior patrimônio” (MESQUITA, 2023, p. 14). Adquiri uma área em 2018, mas notei, para minha tristeza, caçadas e outros crimes ambientais. Isso me levou à criação da RPPN. Assim, nascia a RPPN Tuki, em 2021. Mas os problemas continuaram, então tive que cercar a área. Contudo, fui surpreendido com as cercas sendo danificadas.

Em agosto, ocorreu uma caçada de veados em plena RPPN. É possível ver nas filmagens o animal fatigado, tentando escapar dos seus perseguidores. Infelizmente há dezenas de outras filmagens e fotos que mostram o desrespeito à natureza. Pena que muitos municípios não entenderam a importância das RPPNs e, assim como alguns proprietários rurais, se esquecem que as reservas são vitais para a preservação de nascentes e mananciais. Não se cria nem se planta sem água!

Marcos Torrigo é proprietário da RPPN Tuki, em São Thomé das Letras (MG), entusiasta da preservação ambiental por amor.

 

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