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Pesquisadores brasileiros identificam novo gênero de nematoide associado à corda-de-viola

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Plantas do gênero Ipomoea, conhecidas popularmente como corda-de-viola. Foto: Wikipedia

Descoberta amplia o conhecimento sobre a biodiversidade e pode apoiar estratégias de manejo de plantas invasoras.

 

Uma equipe de nematologistas brasileiros, com a participação do pesquisador Cláudio Marcelo Gonçalves Oliveira, do Instituto Biológico (IB-Apta), descreveu um novo gênero e uma nova espécie de nematoide foliar, ampliando o conhecimento científico sobre a biodiversidade microscópica associada às plantas no Brasil. O organismo, batizado de Monteironema caresi, foi identificado em folhas de plantas do gênero Ipomoea, conhecidas popularmente como corda-de-viola.

A descoberta teve início no campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, onde foram observados sintomas foliares compatíveis com a presença de nematoides. O material coletado passou por análises detalhadas no laboratório de nematologia da instituição, reunindo pesquisadores de diferentes instituições nacionais e internacionais. A caracterização combinou análises morfológicas e moleculares, confirmando que o organismo não se enquadrava em nenhum dos gêneros já conhecidos da família Anguinidae, o que justificou a criação de um novo gênero.

O estudo foi publicado recentemente no Russian Journal of Nematology e, segundo Oliveira, destaca a importância da taxonomia integrativa na identificação de novas formas de vida. “A descoberta demonstra como a biodiversidade brasileira ainda guarda organismos desconhecidos, inclusive em áreas amplamente estudadas, além de reforçar o papel da ciência na compreensão das interações entre plantas e nematoides”, afirma o pesquisador.

Além do avanço científico, a identificação do M. caresi contribui para o entendimento das relações ecológicas envolvendo nematoides e plantas hospedeiras, podendo futuramente apoiar estratégias de manejo de espécies invasoras, como a própria corda-de-viola, que compete com culturas agrícolas em diversas regiões tropicais. Estudos adicionais em casa de vegetação devem avaliar se a nova espécie parasita outras plantas e sua possível distribuição geográfica.

O nome da espécie homenageia dois expoentes da nematologia brasileira — Ailton Rocha Monteiro e Juvenil Enrique Cares — simbolizando o legado científico e a continuidade da pesquisa nacional na área. Mais do que uma nova descrição taxonômica, a descoberta reforça o protagonismo da ciência brasileira no estudo do mundo microscópico com impactos diretos para a agricultura e o meio ambiente.

 

LINHA DO TEMPO — DESCOBERTA DO MONTEIRONEMA CARESI

Identificação inicial em campo

  • Observação de sintomas foliares em plantas do gênero Ipomoea (corda-de-viola)
  • Coleta de material realizada no campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais

Análises laboratoriais

  • Encaminhamento das amostras ao laboratório de nematologia da UFV
  • Avaliação detalhada das características morfológicas dos nematoides

Confirmação molecular

  • Aplicação de técnicas de análise molecular
  • Comparação genética com nematoides já descritos da família Anguinidae

Definição taxonômica

  • Constatação de que o organismo não se enquadrava em gêneros conhecidos
  • Criação de um novo gênero e de uma nova espécie: Monteironema caresi

Publicação científica

  • Resultados publicados no Russian Journal of Nematology
  • Participação de pesquisadores brasileiros e colaboração internacional

Próximas etapas

  • Planejamento de estudos em casa de vegetação
  • Avaliação do potencial de parasitismo em outras plantas
  • Investigação da distribuição geográfica da nova espécie

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