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Áreas de soja e pasto degradadas se transformam em ‘biofábricas’ de lagartas

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Cecília Czepak afirma que áreas de soja e pastos degradados ampliam populações de Spodoptera, exigem novo padrão de manejo e tornam biológicos e baculovírus estratégicos para reduzir resistência a inseticidas.

 

O avanço das pragas em diferentes regiões agrícolas brasileiras tem preocupado especialistas e produtores, especialmente diante do crescimento das populações de lepidópteros, como Spodoptera frugiperda, e da perda de eficiência de tecnologias que antes garantiam maior proteção às lavouras. A entomologista da UFG, Cecília Czepak, alerta que a ausência de manejo adequado em soja e pastagens está criando ambientes que funcionam como verdadeiras “biofábricas” de lagartas, ampliando o impacto sobre o milho segunda safra e o algodão.

Segundo ela, muitos sojicultores ainda não investem no controle efetivo de lepidópteros. “Isso faz com que áreas de soja ‘funcionem’ como ‘biofábricas’ de lagartas”, resume. O quadro se agrava com o estado das pastagens brasileiras. “Temos hoje em torno de 170 milhões de hectares de pastagem. Deste montante, pelo menos 100 milhões de hectares estão degradados. A pastagem tornou-se também ‘biofábrica’ de inúmeras pragas”, afirma. Como essas áreas geralmente fazem fronteira com grandes lavouras de soja, a ausência de manejo em ambos os ambientes cria ciclos contínuos de infestação.

Czepak lembra que a adoção da tecnologia Bt chegou a representar um grande avanço no controle de lagartas, mas já mostra sinais de esgotamento. “Infelizmente estamos perdendo essa tecnologia”, destaca. “Hoje lagartas sobrevivem na soja Bt […] De uma quantidade remanescente, não manejada, uma explosão populacional na época do milho safrinha e do algodão tende a ser inevitável.” O resultado é o aumento de aplicações químicas, muitas vezes em doses elevadas, fortalecendo a seleção de populações resistentes. “Os mesmos inseticidas continuam a ser utilizados repetidamente […] selecionam-se cada vez mais populações de lagartas resistentes a químicos”, completa.

Para a pesquisadora, a alternativa mais eficiente é a adoção plena do manejo integrado de pragas, que combine múltiplas ferramentas. “Funciona melhor usar todas as ferramentas disponíveis: agentes biológicos como vírus, predadores, parasitoides, fungos e atrativos alimentares. Não se deve empregar somente a ferramenta química”, afirma.

Os atrativos alimentares para mariposas são citados como aliados importantes no controle, dada a capacidade de capturar milhares de indivíduos e evitar novas ondas de oviposição. Já os baculovírus, aponta Czepak, devem ganhar protagonismo nos próximos anos. “Vírus têm uma capacidade de dispersão e disseminação invejável”, explica. Uma vez ingeridos, continuam ativos no ambiente por longos períodos. “Poderão permanecer ativos por décadas.”

A pesquisadora reforça que a soja, por ocupar mais de 47 milhões de hectares no país, deve ser o foco inicial da transição. “Focar na adoção de biológicos nesta cultura significa reduzir os problemas futuros em cultivos como milho safrinha e algodão”, enfatiza. Para ela, a tendência é clara: “Existe uma predominância de insumos biológicos associada ao manejo de lepidópter

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