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Produtores paulistas enfrentam safra 2025/26 com cautela e custos em alta, aponta Faesp

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Pesquisa da Faesp mostra queda nos investimentos e dificuldades de acesso ao crédito rural no estado de São Paulo.

 

A safra 2025/26 começa sob um clima de prudência e preocupação entre os produtores rurais do estado de São Paulo. Levantamento do Departamento Técnico e Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), realizado com 263 agricultores de 117 municípios, revela um cenário de custos elevados, juros altos e crédito restrito, fatores que têm freado novos investimentos e limitado a expansão produtiva.

Segundo o estudo, mais da metade dos entrevistados (53,4%) não pretende investir nesta safra — proporção que ultrapassa 70% entre os produtores de grãos e cana-de-açúcar. As exceções vêm da avicultura e da cafeicultura, dos quais 88,9% e 72,7% dos produtores, respectivamente, afirmam que devem investir, principalmente em infraestrutura e equipamentos.

Quando o tema é expansão de área agrícola, 63,4% dos participantes afirmaram que manterão o mesmo tamanho de lavoura. No entanto, há sinais distintos entre os segmentos: 28,3% dos produtores de grãos planejam reduzir o cultivo, enquanto 35,1% dos horticultores e 25% dos cafeicultores pretendem ampliá-lo. Na cana, a maioria (76,7%) deve manter a área estável.

A adoção tecnológica também tende a ser mais contida: 57,9% disseram não prever incremento no uso de insumos ou práticas produtivas. O encolhimento do pacote tecnológico é mais perceptível entre os produtores de grãos (28,3%) e de cana (25,6%), pressionados por margens de lucro mais estreitas.

Outro ponto sensível é o crédito rural. Apesar de 63,8% afirmarem não ter dívidas da safra anterior, 36,2% ainda enfrentam débitos — em quase 80% dos casos com instituições financeiras. A maior queixa é o custo do dinheiro: juros elevados e restrições de acesso estão entre as principais barreiras, citadas por 68,6% e 48,3% dos produtores, respectivamente. O alto custo de produção lidera as preocupações, mencionado por 78,5% dos entrevistados.

A Faesp avalia que o cenário reflete o desempenho do Plano Safra 2025/26, marcado por taxas maiores e menor oferta de recursos equalizados, o que resultou em demanda mais fraca por financiamentos. Mesmo com o interesse crescente pelo seguro rural, que atrai 52,3% dos produtores, o acesso segue limitado. O alto custo dos prêmios e a baixa cobertura das apólices ainda afastam muitos agricultores da contratação, especialmente nos segmentos de grãos, hortifrúti e florestas plantadas.

A pesquisa conclui que a próxima safra deverá ser defensiva, com foco em gestão de custos e manutenção da atividade, e não em expansão. A recomendação da Faesp é clara: em um ambiente de juros altos e crédito escasso, o planejamento financeiro será decisivo para garantir a sustentabilidade das propriedades rurais em 2025/26.

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