A edição história da conferência da ONU para as mudanças climáticas, a COP30, foi aberta na manhã desta segunda-feira, em Belém do Paraná, como a primeira realizada na Amazônia. A COP da floresta, como é chamada, terá uma cobertura especial das plataformas do Grupo Publique. O CEO e fundador do Grupo Publique, Carlos Alberto da Silva, o Carlão da Publique, está no comando da equipe que vai se dedicar a produzir conteúdo sobre o evento, que é o principal fórum mundial sobre alterações do clima.
Essa será a quarta cobertura seguida da COP feita pelo Fala Carlão. As anteriores foram a COP7, em Sharm El Sheikh, no Egito, em 2022; a COP28, no ano seguinte, em Dubai, Emirados Árabes Unidos; e no ano passado, a COP29, em Baku, capital do Azerbaijão. Em todas elas, o conteúdo gerado pelo Fala Carlão foi centrado principalmente em entrevistas exclusivas com autoridades, representantes setoriais e líderes ligados ao agronegócio e suas interconexões com as questões ambientais. O Fala Carlão é reconhecido por realizar coberturas das COPs que chegam a reunir mais de 100 entrevistas em cada edição.

Na cerimônia de abertura da COP30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a governança global precisa contribuir para uma transição justa para economias de baixo carbono que evite um colapso climático planetário. “Uma transição justa precisa contribuir para reduzir as assimetrias entre o Norte e o Sul Global, forjadas sobre séculos de emissões. A emergência climática é uma crise de desigualdade. Ela expõe e exacerba o que já é inaceitável. Ela aprofunda a lógica perversa que define quem é digno de viver e quem deve morrer. Mudar pela escolha nos dá a chance de um futuro que não é ditado pela tragédia. O desalento não pode extinguir as esperanças da juventude. Devemos a nossos filhos e netos a oportunidade de viver em uma Terra onde seja possível sonhar”, destacou o presidente.
“A mudança do clima já não é uma ameaça do futuro. É uma tragédia do presente. O furacão Melissa que fustigou o Caribe e o tornado que atingiu o estado do Paraná, no Sul do Brasil, deixaram vítimas fatais e um rastro de destruição. Das secas e incêndios na África e na Europa às enchentes na América do Sul e no Sudeste Asiático, o aumento da temperatura global espalha dor e sofrimento, especialmente entre as populações mais vulneráveis”, observou.
Acordo de Paris – O presidente da COP21, ocorrida na França em 2015, Laurent Fabius, fez um balanço sobre os 10 anos do Acordo de Paris, durante a Cúpula do Clima, em Belém. Ele reconheceu a importância de um dos maiores tratados globais de enfrentamento ao desafio e reforçou a importância de avançar nas ações climáticas.
“Devemos acreditar na ciência quando ela afirma que é necessário implementar o que já foi decidido em relação à finança, em relação à transição de combustível, em relação ao que já foi acordado”, disse. Para Fabius, que também lidera o grupo de ex-presidentes de COPs, isso não significa que o Acordo de Paris não deva ser celebrado, pois resultou em grandes avanços na luta contra a mudança do clima.
“Quando eu estava liderando a COP 21, 10 anos atrás, a projeção para o fim deste século é que o mundo chegasse ao aquecimento de mais 4 graus acima do período pré-industrial. E agora, 10 anos depois de Paris, e graças às decisões que foram tomadas, essa projeção é de uma tendência entre 2,5 e 2,8 graus. E cada grau significa milhões de vidas salvas”, diz.
O desafio permanece, avalia, uma vez que as projeções de 2,8 graus ainda são uma ameaça à vida no planeta. “Uma série de catástrofes, secas, ciclones, mais emissões e incêndios devem acontecer decorrentes desse aquecimento”, pontua.
”Nós não esperamos desta COP em Belém novas ideias extraordinárias. Sabemos que há novas ideias e ficamos muito felizes com isso, mas agora é o momento das ações e o que estamos esperando da COP é implementação do que já foi decidido. Em particular no domínio da finança, especialmente na direção dos países emergentes. E com a adaptação das cidades porque, se já estamos superando o 1,5 ºC, a questão da adaptação é muito mais importante do que antes”, diz.
Fabius aponta que é necessário incluir a todos, em especial os países de baixa emissão, que mesmo tendo contribuído menos com os efeitos da mudança do clima são os mais afetados. E avalia que sem a inovação da tecnologia, que viabiliza uma transição energética para menos emissões, permanecerá o desafio global.
“Temos que nos esforçar no multilateralismo. Nós sabemos os obstáculos com alguns atores que não aceitam o multilateralismo. Não só os Estados Unidos. Por outro lado, na próxima semana, em Belém, teremos uma oportunidade de agir, porque haverá muitos subnacionais desses países. A exemplo dos Estados Unidos, teremos o governo da Califórnia. Portanto, esse é um momento que devemos fazer esse esforço e de sermos muito incisivos nas ações”, acredita.
Agenda ampla – A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas começou, na manhã desta segunda-feira, com uma vasta Agenda de Ações que precisa avançar e alcançar a vida das pessoas.Inicialmente, a previsão era concentrar os trabalhos em um programa unificado com 100 itens a serem construídos e acordados entre os 194 países presentes, mais a União Europeia. No entanto, já são 111 itens prioritários a serem trabalhados até o dia 21, quando termina a conferência.
No domingo (9), as negociações para o fechamento da Agenda de Ações foram até 23h, quando ainda havia impasse sobre oito solicitações de inclusão de itens que tratavam dos seguintes temas:
- Financiamento de países desenvolvidos para países em desenvolvimento;
- Comércio internacional;
- Revisão das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC na sigla em inglês) insuficientes;
- Avaliação do Relatório Bienal de Transparência (BRT, na sigla, em inglês);
- Condições especiais para transição climática em países africanos;
- Saúde e clima;
- Mudanças climáticas em áreas de montanhas;
- Implementação do Balanço Global (GST, na sigla em inglês)l em áreas de florestas.
Segundo Túlio Andrade, diretor de estratégia e alinhamento da COP30, o tema “Implementação do GST em áreas de florestas” foi retirado voluntariamente, para que os impasses sobre a agenda não interferissem no começo das negociações. Já o tema “Saúde e clima” foi incorporado ao item que trata de adaptação.
(Com informações da Agência Brasil)


