Cooperação entre os elos da cadeia produtiva fortalece economia, inovação e sustentabilidade nas regiões produtoras.
Mais do que um produto símbolo do agronegócio, o café brasileiro tem se consolidado como um verdadeiro agente de transformação econômica e social em várias regiões do país. O tema esteve em destaque na 13ª Semana Internacional do Café (SIC), realizada em Belo Horizonte (MG) nos dias 5 a 7 de novembro, onde especialistas e lideranças do setor discutiram como a atividade vem impulsionando o desenvolvimento territorial, gerando empregos, renda e inovação.
A região das Matas de Minas, no leste mineiro, é um exemplo emblemático desse movimento. Com 64 municípios, o PIB cafeeiro local saltou de R$ 14 bilhões em 2014 para R$ 24 bilhões em 2024, reflexo da sinergia entre produtores, cooperativas e instituições de apoio. Segundo Fabio Júnior de Carvalho, presidente do Conselho das Entidades do Café das Matas de Minas, o impacto da cafeicultura vai muito além da produção. “O café promove grandes conexões, gerando resultado e distribuindo renda como nenhuma outra atividade no agronegócio consegue”, afirma.
O dirigente participou do Seminário Sustentabilidade na Cafeicultura, durante a SIC, e reforçou que a riqueza gerada pelo café retorna para os territórios na forma de capacitação, inovação e valorização de origem. “O café é a mola propulsora que impulsiona esse desenvolvimento territorial que estamos testemunhando”, completa.
Para Marcos Geraldo Alves, gerente do Sebrae Minas na Regional Noroeste e Alto Paranaíba, o diferencial do setor está no modelo de governança integrada, que articula os diversos elos da cadeia. “O modelo organizacional do café, na estrutura de governança, de planejamento, organização, marketing e inserção internacional, atua como uma locomotiva para o setor e reflete em outros segmentos”, avalia. Ele destaca que as indicações geográficas e as estratégias de marca-território são ferramentas poderosas de agregação de valor e inspiração para outras cadeias produtivas.
A expansão da cafeicultura também é visível em novas fronteiras agrícolas, como o estado de Rondônia, responsável por 90% da produção de café da Amazônia. Com a Denominação de Origem “Matas de Rondônia”, conquistada em 2021, o estado já produz 3 milhões de sacas por ano, o que representa um PIB de R$ 4,5 bilhões. Para Juan Travin, presidente da Associação dos Cafeicultores das Matas de Rondônia, o café vem transformando a imagem da região. “A cafeicultura está contribuindo para que a nossa região se desenvolva, demonstrando uma dimensão diferente da Amazônia — mais produtiva, sustentável e respeitando as pessoas”, afirma.


