Estudo da FGV mostra potencial das tecnologias de baixo carbono para gerar emprego, renda e reduzir emissões até 2030.
A adoção em larga escala de tecnologias sustentáveis na agricultura e pecuária brasileiras pode adicionar até R$ 94,8 bilhões ao PIB nacional por ano até 2030, segundo estudo do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV), em parceria com o Instituto Equilíbrio e a Agni. O levantamento calcula o potencial isolado de quatro práticas de baixa emissão de carbono: biocombustíveis, bioinsumos, sistema de plantio direto e terminação intensiva de gado.
De acordo com a análise, os biocombustíveis respondem pela maior fatia do impacto, com potencial de R$ 71,4 bilhões anuais. Em seguida vêm os bioinsumos (R$ 15,2 bi), o plantio direto (R$ 4,7 bi) e a terminação intensiva (R$ 3,5 bi). “O estudo mostra que uma única tecnologia, como os bioinsumos, pode adicionar até 0,13% ao PIB por ano”, explica Cícero Lima, pesquisador da FGV.
Além de aumentar a produtividade, a adoção dessas tecnologias pode gerar mais de 700 mil empregos diretos até o fim da década. Para Eduardo Bastos, CEO do Instituto Equilíbrio, “a adoção de tecnologias sustentáveis gera valor real para o produtor rural e para a sociedade como um todo. Não se trata apenas de preservar o meio ambiente — é uma agenda de produtividade, renda e geração de oportunidades”.
O estudo também destaca os ganhos ambientais. A ampliação do sistema de plantio direto de 10,8 para 34,1 milhões de hectares, por exemplo, pode evitar a emissão de 7,4 milhões de toneladas de CO₂. Já a expansão dos bioinsumos deve aumentar a produtividade da soja em 3,4% e da cana em 1,4%, reduzindo a necessidade de abrir novas áreas agrícolas.
Na pecuária, o avanço da terminação intensiva — com o abate antecipado e maior ganho de peso — pode reduzir 19,3 MtCO₂e nas emissões bovinas. E na bioenergia, a oferta prevista de 63,9 bilhões de litros de biocombustíveis até 2030 tende a movimentar toda a cadeia produtiva: +8,1% no transporte, +6,4% na indústria e +3,5% na agropecuária.
“O desafio agora é transformar esse potencial em política pública, financiamento e escala”, conclui Bastos. “O crescimento verde é possível — e desejável economicamente.”




