Café e pecuária sustentam a alta parcial do IPPA de 2025

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Após forte alta no início do ano, IPPA fecha setembro com crescimento anual ajustado para 13,7%.

 

Após um primeiro semestre aquecido, o Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários (IPPA/Cepea) apresentou retração de 4,9% no terceiro trimestre de 2025, comparado ao anterior. Calculado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, o indicador, que reflete a variação média dos preços recebidos por produtores rurais, acumulou alta de 13,7% de janeiro a setembro — abaixo dos 18,3% registrados até o meio do ano.

Mesmo com o ajuste, o desempenho do IPPA ainda supera o dos preços internacionais dos alimentos, medidos pelo FMI, que subiram 7,35% em igual período. O índice também superou o avanço de 4,09% dos produtos industriais e a valorização cambial de 7,91% do real frente ao dólar.

De acordo com o Cepea, a elevação do IPPA em 2025 foi impulsionada principalmente pelos segmentos Cana-Café, com crescimento de 23,6%, e Pecuária, que registrou avanço de 22,9%. Já os grupos Grãos e Hortifrutícolas tiveram desempenhos distintos: o primeiro subiu 5,4%, enquanto o segundo acumulou queda de 15% até setembro.

Café lidera ganhos, hortaliças puxam recuo – Entre os setores, o destaque continua sendo o Café, que atingiu preços recordes reais no início do ano. A valorização foi sustentada por estoques reduzidos no Brasil e no Vietnã, demanda firme e projeções de safra menor em 2025/26. Contudo, o cenário se inverteu no terceiro trimestre, com recuo de 11,9% nas cotações. Já a cana-de-açúcar apresentou leve queda anual de 2,6%.

Na pecuária, todos os produtos avaliados tiveram aumento de preços. A arroba bovina subiu 33%, seguida por suínos (+19,9%), leite (+8,5%), ovos (+16,6%) e frango (+12%). O movimento reflete a redução da oferta de animais, custos mais altos de alimentação e maior demanda interna, segundo os pesquisadores.

O grupo Grãos manteve trajetória positiva, com destaque para o milho, que registrou alta de 25,2%, influenciada pela menor produção e por exportações aquecidas. Algodão (+3,1%), soja (+2,7%) e trigo (+6,3%) também contribuíram para o desempenho do setor. O arroz, por outro lado, teve queda expressiva de 32,1%, resultado de maior oferta e redução na procura doméstica.

Em sentido oposto, os hortifrutícolas seguem pressionando o índice geral, com forte recuo nos preços da batata (-55%), laranja (-16,2%), banana (-15,1%), tomate (-9%) e uva (-7,5%) até setembro. Mesmo com a desaceleração recente, o Cepea ressalta que o IPPA segue em patamar elevado e reflete a resiliência da agropecuária brasileira diante da volatilidade dos mercados globais e das condições climáticas adversas que marcaram o ano de 2025.