O 14º Congresso da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) reforça a importância das tecnologias digitais no negócio, da tradição ao lado do produtor e do crescimento na fatia levada da indústria para a fazenda
O tempo passa veloz. Na cidade e na roça. Em todos os negócios. No planeta inteiro. Passou de 5 a 7 de agosto no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Debatendo a ‘Agro Economia Brasileira: a força que transforma o país’. Em quatro pavilhões, mais de 24 mil metros quadrados de exposição, com 257 empresas expositoras, mais de dezessete mil participantes de vários países e 1.365 congressistas. Um mergulho total e produtivo para entender como os distribuidores de insumos agrícolas e veterinários do Brasil podem vender mais, lucrar mais, ajudar mais a indústria e a fazenda do país. “Sempre melhorando a entrega a todos os nossos parceiros”, reconheceu Vivian Lima, da Zest Eventos, organizadora do evento. Que teve parceria total do Grupo Publique, empresa que mantém a Plataforma AgroRevenda como representante oficial do segmento. E mobilizou mais de dez profissionais inteiramente para a produção de conteúdos sobre o encontro, além de apresentar um estande gigantesco, que recebeu parceiros, amigos, clientes e simpatizantes durante todo o congresso. Um trabalho comandado pelo Carlão da Publique, CEO da empresa e apresentador do programa Fala Carlão. E o encontro do ano que vem já está marcado. De 11 a 13 de agosto. Já com 70% dos estandes renovados e sistema antecipado de inscrições, com descontos especiais. “Trabalhamos todo dia para o fortalecimento do nosso setor, impulsionando a formação do agro brasileiro. É o nosso papel estratégico. E vai ser um prazer vê-los novamente em 2026”, saudou José Hara, Presidente do Conselho Diretor da Andav.
“Temos muito orgulho de ter a Zest como parceira desde 2020. E a organização da pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Faculdade de Agronomia da Universidade de São Paulo (CEPEA). Hoje, representamos 75% do faturamento da distribuição brasileira, sendo que 90% dos associados são pequenas e médias revendas. E seguimos ganhando um espaço cada vez maior”, consagrou Paulo Tibúrcio, Presidente executivo da Andav.
A abertura foi com o som da Orquestra Madrigal e mensagens de autoridades e agentes do campo. Pedro Lupion, Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), gravou uma fala, enfatizando que estava em Brasília, em uma nova reunião de trabalho do Instituto Pensar Agropecuária (IPA) para articular a defesa dos interesses do segmento. “Louvo a distribuição do Brasil, que mantém 45 mil empregos diretos e leva mais da metade dos insumos agropecuários a todas as fazendas do país. A Andav está junta do IPA e da FPA em Brasília”, garantiu.
Romeu Zema, Governador de Minas Gerais, entrou falando ao vivo, pela internet, direto de Belo Horizonte. “Em seis anos de governo, criamos no Estado 1,2 milhão de novos empregos ligados ao agro. Quero dar os parabéns para quem sustenta a economia desse país. Gente como os distribuidores de insumos”, exaltou.
Alberto Amorim, Executivo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, representou o Governador Tarcísio de Freitas e puxou a orelha de quem não ‘pega no pesado’. “Devemos pensar cada vez mais nos trabalhos transversais, usando vários personagens em nome da Ciência e Tecnologia. Parceria cada vez mais importante para ganharmos tempo. Em nosso Estado, trabalhamos sem parar pelo agro. Não temos tempo a perder em conversas. Temos lavouras e rebanhos para cuidar’, ratificou.
Pensamento análogo à da Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Sílvia Massruhá. “Permaneceremos ao lado da Andav, gerando e levando inovação ao campo. Com uma preocupação social, econômica e ambiental incessante, em inúmeros projetos”, defendeu. A direção da Andav agradeceu. “Temos muito orgulho em representar o distribuidor brasileiro na tarefa de alimentar e levar saúde, conforto e higiene a milhões de pessoas no Brasil e no mundo”, referendou Paulo Tibúrcio. “É uma ação primordial realizada pelas revendas e que vai continuar, cada vez mais ao lado do produtor, em busca de mais produtividade”, concordou José Hara.
E quais os caminhos para atingir essas produtividades crescentes? Existem muitas certezas na área, mesmo que causem apreensão. “Não podemos perder a capacidade produtiva do agro, mas também o bom senso da nossa diplomacia”, ponderou Caio Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG). “O setor sempre vai viver realidades distintas, oscilações, ciclos. Todas as culturas enfrentam desafios estruturais. A cana pode ter dificuldade em 2025 – 2026, o café pode ter preços menores, mas a China é um comprador crescente. O que impera, mesmo, é o que devemos fazer para avançar. Irrigamos menos de 10 milhões de hectares e poderíamos estar com 48 milhões de hectares. O déficit de armazenagem chegou a 132 milhões de toneladas. A logística melhorou, entretanto usamos apenas 30 mil quilômetros de ferrovias enquanto os EUA têm 335 mil km. Não temos trabalhadores com a sofisticação necessária. O crédito só alcança 22% da necessidade. E a questão da sustentabilidade ambiental é boa, mas podemos melhorar nossa imagem. Nossa gana é exportar tudo e a pressão só aumenta. Temos que ouvir sem parar o cliente’, bradou o consultor Carlos Cogo.
E ele desfilou números tão portentosos que dá até medo. O mercado de biocombustíveis vai movimentar R$ 1 trilhão no Brasil até 2035, com diesel verde, etanol de cana e de milho, além de biodiesel. No mesmo intervalo, vamos alcançar exportações de 11 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 28 milhões de toneladas de milho e 55 milhões de toneladas de soja. Resultado conseguido usando apenas 11% da área, bem à frente de países como a Índia (54,7%) e com nada menos do que 257 milhões de hectares ajustáveis para a agricultura.
O otimismo também chegou com as palavras do economista Ricardo Amorim. Ele fez um retrato da Economia desde a virada do século, com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), que fez explodir o consumo e os preços das principais commodities. E criticou duramente a condução do governo Donald Trump. “Hoje, a indústria e as bolsas americanas cresceram, mas ficaram mais pobres. Para piorar, a guerra de tarifas de importação não vai dar certo para os EUA. No sentido contrário, o panorama para a economia brasileira é bom”, arriscou Amorim. Para ele, o país vai desacelerar neste segundo semestre, mas vai se recuperar no ano que vem e ajudar na popularidade do governo Lula. “Nossa economia só cresceu nos últimos cinco anos. Somos o único emergente com risco geopolítico zero. O mercado de trabalho recebeu novos 23 milhões de trabalhadores, a próxima safra deve passar de 350 milhões de toneladas, a inflação vai cair, os juros também. Iremos crescer bem, a economia vai entrar no prumo. E o agro vai ter outro bom ano. Assim como está sendo em 2025”, previu.