11 de abril de 2020

O que é o dilema de ‘viver’? Por Riba Ulisses

O dilema colocado entre viver e detonar a economia do Brasil tomou conta dos formadores de opinião do Brasil no último mês.
Parece assunto de saúde pública.
Era para ser.
Mas não é.

Apenas um novo capítulo da batalha entre os socialistas e os capitalistas.
Eles chamam de briga entre Esquerda e Direita.
Outros de contenda entre petistas e bolsonaristas.
É tudo a mesma coisa.

Não existe confinamento total no Brasil.
Há, certamente, uma campanha de intimidação da Imprensa e de governadores de estados contra parte da população.
Para sorte do país, um grande contingente de profissionais está trabalhando, nas ruas, em seus serviços.
Por determinação legal, inclusive.
Tardia, mas que chegou.

Os jornalistas não deveriam ter permissão para trabalhar nas ruas.
Apenas nas casas deles e poucos nas redações.
Eles não integram os setores de serviços essenciais.
E sim médicos, bombeiros, policiais, produtores rurais, distribuidores de insumos agropecuários, enfermeiros, médicos, funcionários de postos de combustíveis, hemocentros, postos de saúde, lanchonetes e restaurantes (para levar comida), empregados de agroindústrias, dentre outros.
Estas sim, pessoas cuja atuação é imprescindível para a sociedade.

Mas voltemos à vida.
O que é viver para a classe média e alta do país?
Aqueles que moram na Gávea, em Perdizes, nas Mercês, na Vila Prado, em Higienópolis, na Savace, etc.?
Os que apoiam o confinamento, fazem ginástica pelo celular para impedir o avanço da gordura e da celulite, pedem pizza pelo i-food.
Para eles, viver é ter carro do ano, imóvel próprio para morar e deixar ao filhinho depois de morrer, levar o rebento para a Disney nas férias, por dinheiro todo mês na poupança, bolsa, fundo imobiliário ou papéis do governo federal.
Manter as crianças na escola particular e obrigá-los a rachar de estudar para entrar em universidade pública, pagar a internet e a Netflix, comer menos carne e mais aveia, por um implante dentário, trocar de celular, comprar um sofá novo.

Agora, o que é viver para doze milhões de desempregados e outros trinta milhões que se aguentam com um salário mínimo de renda por mês?
Os que foram impedidos de vender chiclete, fatia de bolo, amendoim, pastilha, pano de prato, café nas ruas das cidades por causa do confinamento.
Estes vivem para tentar comer algo todo santo dia.
Ver televisão ‘aberta’, receber chamada no celular pré-pago, aguentar os filhos dentro do barraco, esperar que o governo federal estoure ainda mais os cofres públicos para conseguir remédio, gás, prazo para pagar dívidas, desconto na água e luz, alimentos de graça, qualquer doação, um abono qualquer, uma antecipação qualquer, um capilé qualquer.

Segundo a primeira turma, vale a pena confinar a sociedade.
Os da segunda turma permanecerão pobres como sempre.
Mas vivos.
E vão pagar a conta da economia em depressão profunda nos próximos dois anos.

Os da primeira turma também vão sofrer.
Vão sacar mais dinheiro da poupança, os filhinhos vão ter que repor aulas, não ir para as praias do  Nordeste nas férias do meio do ano, redobrar o cuidado na rua com o aumento de mendigos, pedintes, assaltantes e saqueadores.

E La Nave Va!

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