Diário da Pandemia? Por Riba Ulisses

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No meio da maior crise econômica vivida pelo mundo, causada por uma pandemia que aparenta estar longe de ser a pior crise de saúde do mesmo mundo, veio a Black Friday da política brasileira.
A Imprensa chamou os dois monólogos de ‘entrevista coletiva’.
Do Moro e do Bolsonaro.

Independentemente de razões, opiniões subjetivas, possíveis crimes de Flávio Bolsonaro, acusações falsas de Sérgio Moro, Carlos Bolsonaro e Jair Bolsonaro, penso que o ex-ministro e o presidente representam duas visões distintas de poder, gestão, mundo, formação e liderança.

O presidente é autoritário, foi militar, é antiquado, reativo, delega, mas acompanha com o chicote na mão.
A imagem de Bolsonaro falando no fim da tarde foi deprimente.
Uma visão antiga, dos meus tempos de jardim da infância.
O professor na frente e as crianças ao lado, impacientes, desgostosas de estarem em um lugar por obrigação.
Problema deles.

O ministro Paulo Guedes, um milionário liberal, submetendo-se a ouvir aquele discurso do ‘patrão’.
Guedes, agora uma das duas estrelas do ministério, ao lado de Teresa Cristina, é competente e precavido.
Como é dono de uma fortuna, acumulada com competência, foi o único a usar máscara.
Certamente, para proteger a própria saúde.
O que esse homem faz neste governo ainda é uma grande incógnita.

O filho do chefe, deputado federal que fazia hambúrguer nos Estados Unidos, não é ministro, mas estava lá.
Onix Lorenzoni e Teresa Cristina estavam imóveis, absolutamente desconfortáveis.
O novo Ministro da Saúde é uma estátua.
Falando ou calado.
Quando fala, não entendo absolutamente nada do que quer dizer.

O ex-juiz e agora ex-ministro Moro é mais moderno.
Acostumado a trabalhar com equipes, ouvir, delegar, assumir os erros dos subordinados, ser questionado.
Tem ótima formação, domina idiomas, atua bem na complexidade das estruturas que chefia.

Nem Moro, nem Bolsonaro responderam perguntas dos jornalistas.
Falaram o que quiseram e foram embora.

Privacidade?
Os países mais democráticos do mundo gravam todas as conversas de autoridades quando elas estão trabalhando, sozinhas ou não.
Mas só liberam anos depois.
Alegam que é para a Segurança Nacional.
A regra deveria ser para todas as democracias.
E foi criada ainda nos tempos de telefone fixo.

E agora, com celular, lap top?
Penso que tudo deveria ser grampeado.
Em benefício do consumidor, eleitor cidadão, que compra um produto, o político e os colaboradores que ele emprega usando o dinheiro do cliente eleitor.

Só que a checagem das conversas teria que ser semanal, quando requisitadas.
No trabalho, servidores públicos e administradores eleitos pelo voto direto não devem ter direito à privacidade.
Estão atuando em nome da população.
Recebendo salário pago pelo cidadão.
O cidadão tem o direito de ouvi-los a todo instante, enquanto estiverem trabalhando.
Não gostaram?
Voltem para a iniciativa privada.

Vaza Moro!
Para se defender de alguns ataques do presidente, Sérgio Moro mostrou mensagens trocadas com Bolsonaro e uma deputada do PSL.
Os três recebendo dinheiro do cidadão, para trabalhar em nome dele.
A deputada chiou.
Alguns jornalistas e apresentadores acharam que o ex-ministro errou.
Porque era padrinho da deputada.
Na verdade, deve ser porque foi um furo da Globo.

Na vida pública, ‘res pública’, ‘coisa pública’, não tem essa de segredinho, intimidade, privacidade.
O novo mundo é abertão, jogo jogado.
Privacidade apenas para quem não está na política.
Ainda assim, em casos específicos, a norma pode mudar.

De novo: não gostou?
É só renunciar ao cargo.

E o Brasil?
Dificilmente vamos sair do buraco com os bandoleiros que ocupam a presidência, o congresso nacional, a justiça, a imprensa, os governos estaduais, as prefeituras, os sindicatos, os partidos, etc.
E a patuleia vai seguir pagando o pato.

My life!
Não vejo meus filhos há um mês.
Exato.
Nunca, em toda minha vida, de casado e pai separado, fiquei tanto tempo sem vê-los.
Que sentido tem a vida?
Vou dormir mais triste e pensando em gente que me ajuda a suportar o nada que é a nossa existência.
Sábato, Vargas Lhosa, Cartola, Drumond, Gikovati, Tom Jobim, Harari…

Coluna Radar Agro

por Riba Ulisses

Jornalista há 38 anos. Formado na Universidade Estadual de Londrina e com especialização em Marketing na Cásper Líbero, em São Paulo. As principais experiências foram no jornalismo de televisão, e em revistas, sites e eventos ligados ao Agronegócio. Tem passagens por empresas como TV Globo, SBT, Safeway,  Jornal da Tarde, Folha de Londrina, Revista Placar e Rede Paranaense de Comunicação. Reportagem, com produção de matérias, programas e telejornais, e coordenação de equipes de trabalho em informação e entretenimento.
Desde 2017, AgroDiretor de Conteúdo no Grupo Publique.

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