12 de junho de 2020

Abate de animais em 2020! Por Riba Ulisses

O número de abate de bovinos, suínos e aves do Brasil é muito importante para o agronegócio porque indica como anda a saúde produtiva das fazendas, granjas e dos frigoríficos do país.
Ele é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE.
Os dados apurados para os três primeiros meses deste ano foram muito bons para aves e suínos e negativos para os bovinos.

O abate de bois e vacas ficou em 7,25 milhões de cabeças, uma diminuição de 8,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
É o menor nível desde 2012.
Mas a queda foi ainda maior se compararmos com o quarto trimestre do ano passado: 10,2%.
Houve recuo nos abates em vinte estados.
Incluindo Mato Grosso, o maior produtor brasileiro.
O IBGE preferiu não dar explicações sobre este resultado.
Mas o Radar Agro arrisca uma análise.

Certamente, os frigoríficos começaram a reduzir os abates em março, com receio da queda das vendas a partir do momento em que a pandemia começou a matar e contaminar mais os brasileiros.
Sem falar que a própria indústria teve que tomar medidas preventivas dentro das unidades, aumentando a distância entre os operários, alterando os turnos de trabalho, fazendo o transporte dos colaboradores, tirando das linhas produtivas os funcionários dos grupos de risco e aqueles que foram contaminados pela Covide-19.
E mais um agravante: a ação de prefeituras, do Ministério Público e da Justiça, que passaram a perseguir as empresas, tentando fechar muitos frigoríficos pelo país afora.

Ao mesmo tempo, dois fatores impactaram a situação.
O consumo de carne vermelha manteve-se razoavelmente constante, principalmente nos supermercados.
Apenas os cortes mais caros, mais nobres, estacionaram nas gôndolas.
E as exportações cresceram forte.
De novo, por causa da procura dos importadores chineses.
Em março, houve até casos de abatedores caçando animais junto aos pecuaristas e não encontrando.

Até porque boi não é suíno.
Muito menos galinha.
Não ‘fica pronto’, digamos assim, em poucos meses.
De qualquer maneira, este panorama todo vai ser mesmo demonstrado no próximo levantamento, que vai destacar os abates nos meses de abril, maio e junho.

O panorama já foi bem diferente nas granjas.
O abate de frangos no Brasil atingiu no primeiro trimestre um novo recorde na série histórica do IBGE, que começou em 1987.
Um bilhão e meio de cabeças abatidas, avanço de 5% na comparação anual e de 2,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
Só o Paraná, maior estado produtor e exportador, abateu quase quarenta milhões de cabeças a mais em janeiro, fevereiro e março.

O abate de suínos também obteve forte resultado, com 11,88 milhões de cabeças, recorde histórico para um primeiro trimestre.
No ano a ano, a alta foi de 5,2%.
Santa Catarina, o principal produtor, abateu sozinho 352 mil cabeças.

No caso das granjas, o motivo é fácil de encontrar.
Frango e carne de porco são mais baratos do que a carne bovina.
E as vendas externas permanecem evoluindo, principalmente para a China.

O gigante asiático está devorando o frango e o suíno do Brasil, tudo por causa dos efeitos da Peste Suína Africana, que matou milhões de matrizes e suínos vivos.
Este ano, eles já compraram mais de um milhão e meio de toneladas de carne de frango e outras 383 mil toneladas de carne suína.

Como podemos atestar, a China vem garantindo ótimos resultados para as nossas carnes.
E o levantamento do segundo trimestre vai reforçar ainda mais essa realidade.
É bom.
Ok.
Mas precisamos ficar atentos e procurar diversificar nossos mercados parceiros para não ficamos eternamente reféns da fome e do dinheiro dos chineses.

 

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