Não se exporta imposto: o erro de taxar o agro e a necessidade de agregar valor

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A proposta de taxação das exportações do agronegócio brasileiro é um equívoco que ameaça a competitividade do setor e compromete uma das maiores fontes de riqueza do país. Não se exporta imposto, e reduzir ainda mais a rentabilidade dos produtores significa desestimular investimentos, enfraquecer a produção e colocar em risco nossa participação no comércio global. Esse modelo já foi adotado em outros países, como a Argentina, e os resultados foram desastrosos.

O caso argentino é um alerta. Durante anos, o país vizinho impôs tarifas sobre as exportações agrícolas acreditando que isso garantiria alimentos mais baratos e aumentaria a arrecadação. O efeito foi o oposto: a produção caiu, os investimentos foram reduzidos, a arrecadação despencou e o setor agropecuário, um dos pilares da economia argentina, foi duramente impactado. Se o Brasil seguir esse caminho, perderá mercados estratégicos, verá a produção retrair e abrirá espaço para concorrentes, como os Estados Unidos.

Além disso, a medida não resolveria o problema fiscal. O governo pode até arrecadar mais no curto prazo, mas a queda da produção e dos investimentos reduziria a arrecadação no longo prazo. O Brasil precisa de um modelo de desenvolvimento que estimule a industrialização e a agregação de valor à produção agropecuária, garantindo que o país não seja apenas um exportador de commodities, mas também de produtos processados.

Hoje, exportamos soja em grão e importamos farelo e óleo. Mandamos algodão para fora e compramos tecidos e roupas. O mesmo ocorre com o café, muitas vezes processado e embalado no exterior antes de ser revendido ao Brasil por um preço mais alto. Falta estímulo para que essas etapas ocorram internamente. Em vez de criar barreiras para a exportação, o governo deveria melhorar a infraestrutura, reduzir a burocracia e ampliar os acordos comerciais para fortalecer a indústria nacional.

A taxação das exportações agrícolas não fortalece a economia, apenas enfraquece o setor produtivo. O Brasil precisa estimular a agregação de valor, garantindo crescimento sustentável e mantendo sua posição de destaque no comércio global.

 

Jerônimo Goergen é presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra).

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