28 de outubro de 2024

Impactos negativos e positivos das queimadas no agronegócio

É preciso atenção aos impactos ambientais que podem comprometer a sustentabilidade da produção a longo prazo.

 

Ao longo dos anos, os commodities agrícolas têm sido o carro-chefe de nossa economia. Entre os produtos mais relevantes, estão a soja, o milho, a cana-de-açúcar, o café, o algodão, a laranja, o arroz e a carne. Diante disso e, tendo em vista os últimos acontecimentos no país em relação às queimadas que assolaram diversas regiões, já pudemos perceber os impactos nos preços em torno dessas commodities.

Essa alta de preços dos produtos agrícolas no mercado pode trazer tanto impactos positivos quanto negativos para os produtores que trabalham com essas commodities.

Vejamos os principais pontos:

Impactos Negativos

Redução da oferta e produtividade: As queimadas frequentemente destroem plantações e pastagens, prejudicando a produção de commodities como soja, milho, café e gado. Com a oferta menor, os produtores podem não conseguir atender a demanda, perdendo oportunidades de venda, especialmente em contratos já firmados.

Custos de recuperação: Após as queimadas, há custos elevados com a recuperação do solo, replantio, rebanhos e infraestrutura. Esses gastos adicionais podem superar os benefícios do aumento temporário dos preços.

Perda de competitividade: Produtores que sofrem mais com as queimadas podem não conseguir competir com outras regiões menos afetadas, perdendo mercado interno e externo. Isso pode resultar em diminuição de receitas, mesmo com preços altos.

Risco de penalizações e perda de certificações: Em regiões onde práticas sustentáveis são exigidas, produtores afetados por queimadas — intencionais ou não — podem perder certificações importantes, o que pode limitar suas exportações para mercados que valorizam sustentabilidade.

Impactos Positivos

Preços mais altos: A escassez de oferta, causada pelas queimadas, pode resultar em uma alta dos preços das commodities. Isso pode beneficiar produtores que conseguiram manter sua produção relativamente intacta ou que estejam em regiões menos afetadas, permitindo-lhes vender a um preço premium.

Oportunidades de venda antecipada: Os produtores que trabalham com contratos futuros podem se beneficiar da alta de preços, especialmente se suas safras não forem severamente afetadas, garantindo margens de lucro maiores.

Valorização de estoques: Produtores que mantêm estoques de safras anteriores podem ver esses produtos se valorizarem no mercado, gerando maiores retornos.

Desafios a longo prazo

Ainda que alguns produtores possam se beneficiar momentaneamente com a alta de preços, as queimadas e o impacto ambiental podem comprometer a sustentabilidade da produção a longo prazo. O setor pode enfrentar maior pressão regulatória, custos de recuperação de áreas degradadas e uma imagem negativa no mercado internacional, especialmente em regiões que exigem práticas agrícolas sustentáveis.

Portanto, os impactos da alta de preços por conta das queimadas para os produtores de commodities são complexos e variam conforme a gravidade dos danos e a capacidade de adaptação do produtor a esses eventos. Este fato, inclusive, pode impactar nas discussões que ainda estão ocorrendo em torno da reforma tributária, no que diz respeito ao setor, uma vez que os olhares precisarão ter uma outra direção dentro desse contexto, principalmente no que diz respeito às questões ligadas a sustentabilidade, incentivos fiscais e tributação ambiental.

 

Daniela Correa é advogada especialista em direito empresarial.

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