Neste 22 de abril, Dia da Terra, mais do que uma data de conscientização ambiental, temos uma oportunidade estratégica: repensar como o setor produtivo — especialmente o agroindustrial — está gerenciando os recursos naturais que sustentam suas operações. Em um ano em que o Brasil será sede da COP30, com foco na Amazônia — um dos territórios mais estratégicos do país e do planeta — é fundamental lembrar que a preservação do planeta começa com uma gestão eficiente da água. E, nesse ponto, a agricultura é uma aliada: tem um papel-chave e uma oportunidade real de liderar transformações.
A água está no centro da produção agrícola — e não apenas em sentido simbólico. Cerca de 70% da água doce disponível no mundo é utilizada na agricultura. No Brasil, esse percentual é ainda maior. A boa notícia é que já existem tecnologias e modelos de negócio capazes de reverter o desperdício, aumentar a produtividade e, ainda, gerar valor ambiental mensurável. A má notícia é que, sem uma ação coordenada, continuaremos enfrentando riscos que podem comprometer a segurança alimentar e a estabilidade econômica do setor.
Na Kilimo, temos observado uma mudança de mentalidade nos últimos anos: cada vez mais empresas estão integrando a gestão hídrica como parte essencial de suas estratégias ESG. Acompanhamos companhias que já estão incorporando soluções de irrigação eficiente, tanto em suas operações quanto em suas cadeias de valor — de setores como o alimentício, tecnológico, entre outros.
A agricultura regenerativa, a digitalização da irrigação e o uso de ferramentas baseadas em dados estão se consolidando como vantagens competitivas. Esses elementos ajudam a construir cadeias de suprimentos mais resilientes e transparentes, reduzindo custos, aumentando a previsibilidade e fortalecendo o vínculo com consumidores cada vez mais exigentes. Em outras palavras, cuidar da água já não é apenas uma responsabilidade socioambiental: é inteligência empresarial.
Com a COP30 sendo realizada em Belém do Pará, o Brasil tem uma vitrine única para mostrar ao mundo que é possível produzir com responsabilidade. A agenda climática não avançará apenas com tratados e declarações, mas com ações concretas nos territórios — e muitos agricultores brasileiros já estão dando passos reais nessa direção. Com o apoio adequado, podem acelerar transformações fundamentais.
Neste Dia da Terra, o convite é claro: é hora de transformar o cuidado com a água em uma vantagem competitiva. A sustentabilidade já não é um custo, é motor de inovação, reputação e crescimento. E quem entender isso primeiro, estará um passo à frente na construção de um futuro próspero — para os negócios e para o planeta.
Jairo Trad é CEO & Co-Fundador da climatech Kilimo.