A realização da COP30 em Belém, de 10 a 21 novembro deste ano, representa uma oportunidade histórica para o Brasil reafirmar o protagonismo da agricultura como parte da solução climática global. Com uma base produtiva que alia inovação tecnológica, diversidade biológica e compromisso ambiental, o país chega à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas com avanços concretos em políticas públicas e práticas agrícolas sustentáveis.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) terá papel central em quatro Planos de Aceleração de Soluções (PAS) da Agenda de Ação da COP30. Entre eles, dois estão diretamente ligados à atuação dos segmentos representados pela Abisolo — que congrega fabricantes e importadores de fertilizantes minerais, organominerais, orgânicos, biofertilizantes, condicionadores de solo de base orgânica, substratos para plantas, insumos de base biológica e adjuvantes.
O primeiro é o Plano para Uso Eficiente e Sustentável de Fertilizantes, coordenado pelo Reino Unido e pelo Brasil, com apoio técnico do MAPA. O objetivo é promover o uso racional de fertilizantes minerais e orgânicos, incentivar o manejo eficiente de nutrientes e ampliar o acesso a soluções de baixo carbono, como os bioinsumos. Essa abordagem dialoga diretamente com o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), lançado em 2022, e com a recente Lei nº 15.070/2024, que estabelece o novo marco legal dos bioinsumos — pilares que fortalecem a segurança alimentar e a sustentabilidade da produção agrícola.
Outro destaque é o plano voltado à Remoção de Carbono na Agricultura, que impulsiona o uso de tecnologias agrícolas para capturar e estocar carbono no solo, como sistemas integrados, o plantio direto e o biochar. Essas práticas estão em sintonia com a atuação das empresas representadas pela Abisolo, que desenvolvem produtos voltados à melhoria da eficiência nutricional, à vitalidade dos solos e à resiliência das lavouras frente aos estresses climáticos.
Esse protagonismo se reflete também nos números do setor. Em 2024, o mercado de fertilizantes especiais registrou crescimento de 18,9%, alcançando R$ 26,9 bilhões em faturamento, segundo o Anuário Abisolo 2025. Os fertilizantes minerais especiais tiveram alta expressiva de 30,7%, enquanto os biofertilizantes cresceram 1,4%. Já os condicionadores de solo de base orgânica movimentaram R$ 129 milhões, e o mercado de substratos para plantas somou R$ 421 milhões, com crescimento de 8% sobre o ano anterior. Esses resultados demonstram a capacidade do setor em responder com inovação às demandas por produtividade e sustentabilidade nas lavouras brasileiras.
Durante o Conexão Abisolo 2025, realizado em Campinas (SP), pesquisadores e representantes da indústria reforçaram esse alinhamento entre ciência e sustentabilidade. Palestras sobre biofertilizantes à base de aminoácidos e microalgas destacaram como essas soluções favorecem a adaptação das plantas a estresses térmicos e hídricos. Já os avanços em substâncias húmicas e extratos de macroalgas mostraram seu papel crescente na produtividade e na mitigação de impactos ambientais, evidenciando que inovação e sustentabilidade caminham juntas no campo brasileiro.
Esses temas estão alinhados com a agenda climática global, pois envolvem práticas regenerativas, menor dependência de insumos sintéticos e o fortalecimento da economia circular. A agricultura, ao adotar tecnologias que reduzem emissões e aumentam a eficiência produtiva, transforma-se em vetor de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
A Abisolo, ao representar mais de 140 empresas comprometidas com o avanço tecnológico e a sustentabilidade, reafirma seu papel como articuladora entre indústria, ciência e políticas públicas. Nosso setor é parte essencial da solução para um futuro de baixo carbono e de maior segurança alimentar — um compromisso que o Brasil levará à COP30 como exemplo de integração entre produtividade e responsabilidade ambiental.
Roberto Levrero é presidente do Conselho Deliberativo da Associação
Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo).


