Entiade aponta queda de mais de 17% na moagem de cana e redução acentuada no ATR da safra 2025/26.
A safra 2025/26 de cana-de-açúcar no Norte e Nordeste começou com retração expressiva. Dados da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio) mostram que, até 30 de setembro, 13,88 milhões de toneladas de cana foram processadas, volume 17,4% menor que o registrado no mesmo período do ciclo anterior.
O presidente-executivo da entidade, Renato Cunha, explica que o excesso de chuvas prejudicou o desenvolvimento das lavouras, especialmente em Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, reduzindo em 21,6% o volume colhido e comprometendo o teor de sacarose — fator determinante para o cálculo dos Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), principal indicador da qualidade da cana.
A moagem nas duas regiões também apresentou forte redução: a produção total caiu em quase três milhões de toneladas, comparada à safra 2024/25. A fabricação de açúcar foi a mais afetada, recuando 33,8%, para 476 mil toneladas, frente a 719 mil toneladas no mesmo período do ano passado.
Produção de etanol mantém perfil alcooleiro – Apesar do cenário desfavorável, a NovaBio aponta que a atual safra mantém perfil alcooleiro, com maior direcionamento para o etanol. A produção do etanol anidro, utilizado na mistura com gasolina, caiu 1,6%, totalizando 301 milhões de litros. Já o hidratado, destinado ao consumo direto, teve queda de 12,1%, somando 427 milhões de litros.
No total, o volume de etanol produzido nas regiões Norte e Nordeste chegou a 728,9 milhões de litros, redução de 8,1% em relação ao ciclo anterior. “Fica clara a tendência de uma safra alcooleira, com foco no etanol e queda mais acentuada na produção de açúcar”, afirmou Cunha, que também preside o Sindaçúcar-PE.
A NovaBio reúne 35 usinas de processamento de cana distribuídas em 11 estados brasileiros e mantém atualização contínua de dados sobre o setor em novabio.org.