Pesquisa da consultoria Spark Inteligência Estratégica aponta avanço mercadológico de produtos diferentes do glifosato, empregados no controle de plantas daninhas como a buva, capim-amargoso e o chamado ‘milho voluntário’
A soja geneticamente modificada ou RR, cultivada em todo o Brasil, desenvolvida para ser resistente ao herbicida glifosato, tem sido alvo da concorrência de plantas daninhas igualmente resistentes ao agroquímico, como a buva (Conyza bonariensis), o capim-amargoso (Digitaria insularis) e o chamado ‘milho invasor’ ou ‘milho voluntário’ (Zea mays). Esse cenário, que se intensificou na safra 2016-17, resultou no aumento expressivo das aplicações de herbicidas com ingredientes ativos complementares ao glifosato.
A constatação é da consultoria Spark Inteligência Estratégica, empresa especializada em pesquisas de mercado para o setor de agroquímicos, entre outros segmentos do agronegócio. De acordo com o levantamento, na safra 2016-17 saltou para 40% a área de soja tratada com herbicidas complementares ao glifosato, ante 33% registrados na safra 2015-16. Este fator, enfatiza a Spark, elevou em 27% a receita total do mercado de herbicidas.
Segundo a Spark, o mercado total de herbicidas para soja movimentou US$ 1,36 bilhão na safra 2016-17. A participação de produtos alternativos ou complementares ao glifosato foi de US$ 492 milhões no período, alta de 55% em relação à safra anterior, quando o segmento atingiu US$ 318 milhões. Em contrapartida, a receita do glifosato se manteve estável, em US$ 740 milhões, reforçando a importância desse ingrediente ativo no manejo com herbicidas na sojicultura.
A pesquisa apontou ainda que na safra 2016-17 os produtores tiveram de aplicar herbicidas complementares ao glifosato para controlar o chamado ‘milho invasor’ em 12% da área de soja, contra 8% da safra anterior. O milho invasor deriva de sementes de milho RR também resistentes ao glifosato, cujo plantio alterna-se ao da soja, que brotam após a colheita e passam a disputar nutrientes com a lavoura da oleaginosa.
No Estado de Mato Grosso, por exemplo, o maior produtor de soja do Brasil, o controle do ‘milho voluntário’ foi realizado em 22% da área de soja. “Esse milho passou a ser um problema nas áreas de soja, por causa do crescimento de híbridos RR tolerantes ao glifosato. Nessa situação, recomenda-se aplicar um herbicida específico e seletivo para o milho, um cereal, e que também preserve a soja, uma leguminosa”, reforça Cristiano Limberger, engenheiro agrônomo e gerente de atendimento da Spark Inteligência Estratégica.
Para Limberger, o levantamento da empresa comprova principalmente que o uso isolado do glifosato já não surte mais efeito sobre diversas plantas daninhas, que adquiriram resistência ao agroquímico devido ao uso repetitivo e prolongado do produto.
Uma empresa brasileira, criada por engenheiros agrônomos, a Spark Inteligência Estratégica completou recentemente três anos de atividades. Com uma carteira consolidada de clientes, a Spark já se posiciona entre os principais provedores de serviços de informação sobre o agronegócio brasileiro, sobretudo nas áreas de defensivos agrícolas e sementes.
Somente no ano passado, a Spark concluiu cerca de 50 estudos especiais atrelados às culturas agrícolas de maior relevância econômica. Foram realizadas mais de 30 mil entrevistas com agricultores pelos profissionais da empresa, que para isso percorreram 300 rotas a campo e aproximadamente 1,5 milhão de quilômetros.
Mais informações: http://spark-ie.com.br/