23 de agosto de 2016

Diretora executiva do Rabobank Brasil destaca importância da gestão no momento atual do agronegócio

A diretora executiva do Rabobank Brasil, Fabiana Alves, levou ao VI Congresso da Andav uma palestra sobre mudanças no cenário do agronegócio nacional e suas impressões para a concessão de crédito.

Conforme aponta um estudo realizado pelo banco, este ano o produtor está mais endividado. Esse endividamento, conforme Fabiana, se fez necessário por causa dos impactos da alta do dólar e da seca, principalmente em algumas regiões, e vai ser sanado a medida que eles utilizem a geração de caixa das próximas safras para reduzir sua dívida. “É obvio que o produtor tem aquela cosquinha de ‘huuum, sobrou um pouquinho, vamos comprar mais terra e continuar crescendo’. Acho que o trabalho agora é de que as oportunidades de crescimento devem ser aproveitadas para aqueles que estão com projeções saudáveis. Aqueles que tem projeções que apontam para um risco muito alto deveriam usar essa geração de caixa das próximas safras para reduzir o seu endividamento”, indica a especialista.

O que acontece, acredita Fabiana, é que muitos anos com uma taxa de juros beneficiada por recursos governamentais incentivou uma alavancagem muito grande. “Também estamos vindo de preços de commodities parados em patamares bastante interessantes e isso encorajou o tal do ‘passo maior que a perna’. Acho que isso é válido para todo o cenário do agro, não só para a carteira do banco. É uma realidade que precisamos admitir que aconteceu e que agora temos que administrar.”

Em relação aos financiamentos para 2017, Fabiana diz que, quanto mais profissionais os produtores se tornarem, mais fácil é o acesso a crédito. “Se tem alguma coisa que o produtor pode fazer e que não é um investimento caro é ele repensar o seu modelo de gestão. É um investimento muito mais ligado a sua própria cultura, a sua própria atitude, do que alguns hectares de terra. Essa mudança cultural vai dar ao produtor um acesso muito mais garantido ao crédito do que qualquer outra coisa”, indica.

Para isso, ela diz que o necessário é que o produtor saia do modelo ‘fazendão’ e passe a olhar a produção agrícola como uma empresa. Contudo, quando a especialista fala em profissionalizar, ela não quer dizer que é necessário tirar o caráter familiar da produção porque acredita que “o olho do dono engorda o boi, mas é uma atitude profissional. É a consciência de que um negócio que fatura milhões, que depende da participação de parceiros financeiros, que não controla o preço de sua produção precisa ser gerenciado com técnicas de gestão, desde a parte de gestão de pessoas, passando pela sua gestão financeira, pela gestão comercial e pela sua gestão de risco”, alerta. “O produtor as vezes investe muito em tecnologia de produção, em assessoria na parte de aumento de produtividade e é muito modesto em investir em assistência para a melhoria em gestão.”

Fabiana diz que a coleta de informação é essencial e que o balanço não nasce do nada. “O produtor precisa entender que a necessidade de apontamentos no campo não é um luxo desnecessário, é uma necessidade básica porque, quando você tem alguns poucos centenas de hectares e está presente na sua fazenda e consegue vê-la o tempo inteiros, você pode talvez se dar ao luxo de dispensar apontamentos. Quando você tem milhares de hectares em várias fazendas não dá pra ele se dar a esse luxo”, reforça.

Fabiana lembrou ainda que os índices de confiança do agronegócio se recuperam mais rápido do que os outros setores. “Acho que isso se deve, de uma certa forma, ao fato de o setor estar descolado do cenário interno, olhando também o cenário externo devido às exportações e, inclusive, à nossa competitividade no mercado internacional. Acho que as perspectivas são boas, sim, mas a gente precisa fazer a lição de casa.”

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