Parceria com Estados Unidos e Austrália foca em promoção conjunta, defesa institucional e combate às fibras sintéticas.
O Brasil saiu fortalecido do ICA Trade Event 2025, realizado em Dubai, ao consolidar uma articulação internacional com Estados Unidos e Austrália para a defesa e promoção do algodão como fibra natural. A participação da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) no evento — um dos mais importantes do calendário global do setor — destacou o país como voz ativa na busca por soluções sustentáveis e na construção de estratégias conjuntas para enfrentar a crescente concorrência das fibras sintéticas.
“A reunião trilateral entre Brasil, Estados Unidos e Austrália foi um dos marcos do encontro”, afirmou Marcelo Duarte, diretor de Relações Internacionais da Abrapa. Segundo ele, os três países discutiram formas de alinhar ações de comunicação, promoção e defesa institucional, além de medidas para fortalecer políticas públicas e legislações que incentivem o uso de fibras naturais. Entre os temas debatidos, esteve o projeto norte-americano Buy American Cotton Act (BACA), que prevê incentivos fiscais para empresas que utilizarem algodão local, e propostas de regulação global para combater a poluição por microplásticos.
O presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli, ressaltou que a união entre os principais exportadores representa um avanço significativo na defesa do setor. “Estamos construindo uma frente unificada para conscientizar governos e consumidores sobre a importância de escolher fibras naturais. Defender o algodão é também defender o meio ambiente e a saúde humana”, disse.
A importância da articulação internacional também foi destacada por Alessandra Zanotto, presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa). Segundo ela, o debate sobre o aumento do consumo global da fibra superou a lógica de competição entre países e abriu espaço para soluções conjuntas voltadas ao crescimento do setor. “O tema do baixo consumo mundial do algodão dominou as discussões e impulsionou a criação de estratégias comuns para revertê-lo”, afirmou.
O evento também foi palco do Cotton Brazil Luncheon, promovido pela Abrapa pelo segundo ano consecutivo e realizado no Dia Mundial do Algodão, em 7 de outubro. A reunião reuniu cerca de 160 líderes globais do setor, produtores, investidores e tradings em três painéis que discutiram cenários de safra, perspectivas de exportação e tendências de mercado. Durante o encontro, a delegação brasileira reforçou mensagens sobre a qualidade da produção nacional, o sistema de classificação e rastreabilidade, e o compromisso do país com sustentabilidade, eficiência e inovação.
Além dos painéis, a já tradicional “Sala Abrapa” serviu de ponto de encontro para rodadas de negócios e fortalecimento de parcerias comerciais. O presidente da Ampa, Orcival Guimarães, afirmou que o setor precisa manter o ritmo de evolução para seguir competitivo. “Ouvimos o mercado e entendemos que o caminho é continuar melhorando. Nosso algodão tem reputação sólida e precisamos mantê-la”, disse.
Produtor e presidente do Conselho da SLC Agrícola, Aurélio Pavinato, ressaltou o papel estratégico do Brasil nas discussões internacionais. “Hoje, somos definidores de mercado, o que aumenta nossa responsabilidade”, comentou. Já o vice-presidente da Abrapa, Celestino Zanella, destacou que a ampliação do consumo global é um dos grandes desafios dos próximos anos e que a cooperação entre países produtores será fundamental nesse processo.
Estratégia global e promoção da fibra brasileira – O evento em Dubai marcou apenas o início de uma série de ações internacionais lideradas pela Abrapa neste mês. Por meio do programa Cotton Brazil — desenvolvido em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e com apoio da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) —, o Brasil tem ampliado sua presença no mercado global, promovendo o algodão brasileiro como uma fibra de alta qualidade, sustentável e confiável.
Mais do que uma rodada de negócios, a atuação brasileira no ICA Trade Event representou um movimento estratégico para o futuro da cotonicultura mundial: unir forças para posicionar o algodão como protagonista na transição para uma economia mais sustentável e fortalecer o papel do Brasil como líder nesse novo cenário global.