O Brasil entra em 2025 carregando um misto de esperanças e incertezas. Após enfrentar anos de instabilidade econômica, agravada por crises globais, mudanças climáticas e disputas geopolíticas, o país busca retomar um caminho de crescimento sustentável. No entanto, essa tarefa exige um olhar atento aos desafios que limitam o potencial brasileiro. Inflação persistente, déficit fiscal elevado, desvalorização cambial e a necessidade urgente de reformas estruturais são apenas algumas das questões que pressionam a agenda econômica nacional.
Com o intuito de analisar os principais obstáculos e apontar possíveis caminhos, o professor universitário e mestre em negócios internacionais André Charone, compartilha sua visão sobre o atual cenário. “O Brasil tem um imenso potencial inexplorado, mas transformar esse potencial em resultados concretos requer planejamento estratégico, governança eficiente e um compromisso real com o desenvolvimento de longo prazo”, observa André, que é sócio do escritório Belconta – Belém Contabilidade e do Portal Neo Ensino.
Além disso, o contexto global também exerce influência significativa sobre a economia brasileira. A desaceleração de grandes economias, como a China e os Estados Unidos, impacta diretamente o comércio exterior do Brasil, enquanto a transição energética global oferece oportunidades, mas exige adaptação. “Estamos em um momento em que decisões equivocadas podem custar caro. É essencial que os gestores públicos e privados estejam alinhados com as demandas internas e externas para assegurar um crescimento inclusivo,” afirma o especialista.
A seguir, iremos explorar os cinco principais desafios econômicos do Brasil em 2025, destacando possíveis soluções.
- Crescimento Econômico Modesto
“As projeções de crescimento para 2025, embora positivas, ainda são tímidas quando comparadas a outros mercados emergentes. Isso evidencia a necessidade de reformas estruturais que melhorem nossa competitividade global,” avalia André Charone. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima um crescimento de 2,1%, enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta 2,5%. Esses índices estão aquém das taxas observadas em economias como Índia e Filipinas, que devem crescer 6,5% e 6,1%, respectivamente. Para André, “o Brasil precisa investir em infraestrutura, educação e desburocratização para destravar o potencial de sua economia.”
- Pressões Inflacionárias e Política Monetária
Segundo André Charone, “a inflação é um desafio persistente que corrói o poder de compra das famílias e desestabiliza o ambiente de negócios.” O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode alcançar 5,2%, superando a meta estabelecida pelo Banco Central. Em resposta, o Comitê de Política Monetária (Copom) prevê elevações na taxa Selic, o que pode restringir o consumo e os investimentos. “Precisamos equilibrar o controle da inflação com estímulos ao crescimento, evitando que a política monetária restritiva paralise ainda mais nossa economia,” destaca o especialista.
- Desafios Fiscais e Sustentabilidade da Dívida Pública
O cenário fiscal também preocupa. A dívida pública segue em trajetória ascendente, comprometendo a confiança dos investidores. “A falta de previsibilidade nas contas públicas é um dos maiores obstáculos para atração de investimentos estrangeiros,” explica André Charone. Ele argumenta que a adoção de políticas fiscais rigorosas, aliada a reformas como a administrativa e a tributária, é essencial para restaurar a credibilidade do país. “Sem essas medidas, o Brasil continuará preso a um ciclo de desequilíbrio fiscal e baixa competitividade,” completa.
- Desvalorização Cambial e Impactos no Comércio Exterior
A desvalorização do real, com o dólar ultrapassando R$ 6,00, afeta diretamente o comércio exterior. André Charone observa que “essa volatilidade cambial encarece os insumos importados, pressiona a inflação e compromete a competitividade das exportações brasileiras.” Além disso, a incerteza cambial pode desestimular investimentos produtivos. Para mitigar esses efeitos, André sugere “uma política externa mais assertiva, que fomente parcerias comerciais estratégicas e expanda mercados para os produtos brasileiros.”
- Necessidade de Reformas Estruturais e Investimentos em Inovação
Para enfrentar os desafios de 2025, André Charone enfatiza a importância de reformas estruturais e investimentos em inovação. “A transformação digital pode aumentar a produtividade e criar novas oportunidades, especialmente em setores como agronegócio, tecnologia e energia renovável.” Ele também destaca a relevância de uma educação voltada para as demandas do mercado global. “Sem preparar nossa força de trabalho para a nova economia, continuaremos a perder espaço no cenário internacional,” alerta.