Empresa, que chegou ao Brasil no ano passado, mira fatia de 50% do segmento de fungicidas para soja à base de cobre, ante à necessidade de contenção da resistência do fungo causador da ferrugem asiática
Em pouco mais de um ano no Brasil, após ter adquirido às empresas Atanor e Consago, a americana Albaugh traça planos ousados para o País, no qual espera faturar US$ 500 milhões até 2022 e responder por 25% dos negócios globais do grupo. Um dos pontos-chave dessa estratégia está atrelado ao ‘resgate’, pela cadeia produtiva da soja, dos chamados fungicidas protetores, ou multissítios, que passaram a ser recomendados para conter a resistência do fungo causador da ferrugem asiática aos ‘fungicidas sistêmicos’.
Até 2022, a Albaugh Brasil espera ocupar a fatia de 50% do segmento de fungicidas protetores (multissítios) à base de cobre para a cultura da soja, segundo seu presidente, Renato Seraphim. Para isso, a empresa, focada no mercado de defensivos agrícolas genéricos, solicitou aos órgãos reguladores o registro de uma nova linha de produtos cúpricos.
Trata-se, de acordo com Seraphim, de uma plataforma de insumos mais potente na comparação à média do setor, com impacto ambiental menor. “Uma vez concedido o registro, entregaremos ao mercado fungicidas cúpricos mais eficazes, graças à alta bioatividade do composto íon-cobre (Hibio). A dose média de aplicação da plataforma Hibio corresponde à metade da que é indicada atualmente a fungicidas cúpricos convencionais”, exemplifica o executivo.
Desenvolvida pela área de pesquisa & desenvolvimento da Albaugh no México, a nova plataforma de cúpricos surgiu após à comprovação de que o fungo Phakopsora pachyrhizi, patógeno causador da ferrugem da soja, adquiriu resistência a fungicidas sistêmicos. “Produtos multissítios, como os da nova linha Hibio, tornaram-se indispensáveis ao manejo da resistência do fungo às tecnologias hoje comercializadas no Brasil”, salienta Seraphim.
Especialistas asseguram que somente a realização do manejo de resistência, que contempla o uso alternado de fungicidas sistêmicos e protetores (multissítios), prolongará a eficiência dos ingredientes ativos dos fungicidas sistêmicos em comercialização. Protetores à base de mancozeb, clorotalonil e cobre, atestam pesquisadores, são os que transferem mais benefícios à prática do manejo. Dessas três moléculas, assinala Seraphim, os fungicidas cúpricos mostram desempenho favorável nos ensaios a campo de controle da doença, e levam uma boa vantagem competitiva no preço ante os demais multissítios.
.
“Esses três ingredientes ativos respondem hoje por 35% do mercado potencial de multissítios e chegarão a uma fatia de 80% em 2020. O segmento deverá saltar de 200 milhões de dólares para 400 milhões de dólares, pois tais produtos se consolidam, safra após safra, como necessidades agronômicas indissociáveis da produtividade da soja”, avalia Seraphim.
Ainda de acordo com Seraphim, estudos realizados pela Albaugh apontam que até 2022 quase 80% da área de soja do Brasil será tratada com fungicidas multissítios. Ele calcula que num período de cinco anos o mercado de fungicidas protetores poderá abranger 100 milhões de hectares de soja.
“No médio e longo prazo, os fungicidas cúpricos de alto desempenho estarão posicionados entre os principais agentes de apoio ao manejo de resistência do fungo causador da ferrugem aos fungicidas sistêmicos”, prevê o executivo. Seraphim afirma que a nova linha Hibio da Albaugh transfere relação custo-benefício superior ao agricultor no controle da ferrugem, “conforme atestam dados apurados na safra anterior, já divulgados em congressos do setor”.
Este ano, a Albaugh Brasil projeta elevar seu faturamento para US$ 230 milhões, ante US$ 150 milhões de 2016, alta de 50%. A companhia, sediada em São Paulo e com uma unidade fabril na cidade fluminense de Resende, produz também acaricidas, herbicidas e inseticidas. Outra expectativa da empresa, ancorada em um plano de investimentos anunciado no ano passado, é a de ampliar sua participação nas culturas de citros, café, HF e milho, além da soja.
Fundada nos Estados Unidos, em 1979, por Dennis Albaugh, a companhia atua em países da Europa e da Ásia, nos Estados Unidos, México, Brasil e na Argentina. Emprega cerca de 3 mil pessoas no mundo e 150 no Brasil. A operação local da Albaugh responde hoje por 9% dos negócios globais do grupo.