AgroGalaxy reduz dívida e ajusta estrutura, aponta relatório do 2º trimestre

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Receita cai 76% no trimestre, mas empresa avança na execução do plano de recuperação e melhora eficiência operacional.

 

A AgroGalaxy, uma das maiores redes de distribuição de insumos agrícolas do país, apresentou queda de 76,2% na receita líquida no segundo trimestre de 2025, que totalizou R$ 251 milhões, frente a R$ 1,05 bilhão em igual período de 2024. O resultado reflete o impacto da recuperação judicial em andamento e um cenário de crédito restrito no agronegócio, segundo o balanço divulgado em 24 de outubro.

Apesar da retração, a companhia conseguiu melhorar significativamente sua estrutura financeira. As obrigações líquidas caíram de R$ 4,2 bilhões em março para R$ 1,6 bilhão em junho, resultado direto da homologação do plano de recuperação judicial e da reestruturação de passivos com credores. A redução de despesas operacionais também foi expressiva: os gastos de vendas, administrativos e gerais (excluindo depreciação) somaram R$ 61 milhões, 53% abaixo do registrado em 2024.

O lucro bruto ajustado ficou negativo em R$ 3 milhões, ante ganho de R$ 51 milhões no mesmo período do ano anterior, e a margem bruta ajustada recuou de 4,8% para -1,2%. O EBITDA ajustado foi negativo em R$ 97 milhões, refletindo a forte redução no volume faturado e a cautela nas operações com grãos, retomadas apenas após a aprovação do plano judicial.

No segmento de insumos agrícolas, a participação de defensivos cresceu para 54,8% do mix, enquanto os fertilizantes perderam espaço, em linha com a estratégia de reduzir produtos com alto consumo de capital de giro. As especialidades responderam por 18,3% das vendas, mantendo o foco em soluções de maior valor agregado.

Em carta aos acionistas, o presidente da companhia, Eron Martins, afirmou que o trimestre foi marcado por melhores índices de produtividade agrícola e pela redução da inadimplência, ainda que o produtor siga cauteloso diante de preços baixos das commodities. Ele destacou que a empresa vem reforçando a gestão de capital, otimizando estruturas operacionais e mantendo diálogo transparente com credores, o que demonstra “disciplina e execução rigorosa do plano de recuperação”.

A retração no crédito rural segue como o principal desafio do setor, segundo Martins. Com bancos e emissores de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) mais conservadores, o produtor encontra dificuldades para financiar a próxima safra, o que limita a demanda por insumos e desacelera o mercado.

Mesmo assim, a empresa aponta sinais de otimismo moderado. A expectativa é de recuperação gradual, sustentada por safras mais favoráveis e pela retomada de confiança do produtor. “Seguimos atentos às oportunidades que esse novo ciclo pode trazer, especialmente para empresas resilientes e disciplinadas financeiramente”, conclui o presidente.