Especialistas alertam que laudos técnicos e registros oficiais são indispensáveis para garantir prorrogação de financiamentos.
As fortes chuvas, o calor intenso e outros eventos extremos têm causado prejuízos significativos às lavouras em diversas regiões do país. No Paraná, as rajadas de vento que ultrapassaram 100 km/h e o granizo com pedras de até 100 gramas danificaram plantações e maquinários, além de deixar mais de 12 mil quilômetros de estradas rurais em condições precárias, segundo a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).
O produtor Dirceu Machado, de Guaravera, distrito de Londrina (PR), calcula em R$ 500 mil as perdas em sua área de 80 alqueires. “Eu perdi 100% da plantação de soja. Vamos ter que replantar, corrigir erosão e usar adubos e defensivos para recuperar a qualidade da terra”, relatou.
A instabilidade climática também comprometeu a colheita do trigo, com queda de 0,95% no preço ao produtor em uma semana e 13,8% de prejuízo médio frente aos custos. A safrinha de milho deve ser igualmente afetada, já que o atraso na soja empurra o calendário de plantio.
Com as perdas, cresce a preocupação dos produtores em honrar financiamentos rurais. A legislação e as normas do Conselho Monetário Nacional (CMN) permitem a prorrogação dos prazos de pagamento, desde que o agricultor comprove tecnicamente os danos sofridos. Isso inclui laudos agronômicos, registros de campo, fotos, notas fiscais e relatórios meteorológicos.
Segundo o advogado Raphael Condado, a prorrogação é um direito do produtor rural, desde que ele comprove de forma técnica e consistente que as perdas inviabilizaram o cumprimento dos prazos originais. “O banco precisa de segurança jurídica para aprovar o pedido, e isso só ocorre com documentação sólida”, destaca.
Condado recomenda que o registro comece imediatamente após o evento climático, com laudos assinados por engenheiros agrônomos e contato formal com a instituição financeira. “Quanto mais rápido e bem documentado o pedido, maior a chance de sucesso na renegociação.”
O advogado alerta que muitos agricultores perdem o direito por não formalizarem adequadamente os prejuízos. “É comum tentar negociar de forma verbal ou informal, o que fragiliza o pedido. O ideal é apresentar um dossiê técnico com dados e evidências objetivas.”


