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Criação integrada de peixes reforça sustentabilidade e eficiência no bioma da AM

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Pesquisa aponta que sistema multitrófico reduz emissões, uso da terra e dependência de água na piscicultura.

 

A criação integrada de espécies na piscicultura surge como uma alternativa eficiente e sustentável para a produção de proteína animal no bioma amazônico. Levantamento conduzido pela Embrapa Pesca e Aquicultura, em parceria com instituições de pesquisa, demonstra que o cultivo conjunto de tambaqui (Colossoma macropomum) e curimba (Prochilodus lineatus) pode elevar em 25% a produtividade em comparação ao monocultivo do tambaqui.

O estudo, publicado na revista científica Aquaculture, avaliou os impactos ambientais da aquicultura multitrófica integrada (AMTI) por meio da análise de ciclo de vida. O sistema se baseia na criação simultânea de espécies com diferentes funções ecológicas, reproduzindo processos naturais e promovendo a reciclagem de nutrientes dentro do viveiro, o que reduz desperdícios e impactos ambientais.

Exemplar de curimba: integração eleva produtividade

Segundo a pesquisadora Adriana Ferreira Lima, da Embrapa, a aquicultura integrada apresenta vantagens expressivas quando comparada a outras atividades agropecuárias. Para produzir 1 kg de proteína, a piscicultura demanda significativamente menos área do que a pecuária bovina, a avicultura e a suinocultura, o que contribui para reduzir a pressão por abertura de novas áreas no bioma amazônico. Além disso, a atividade apresenta menor emissão de gases de efeito estufa.

A escolha da curimba se deve ao seu perfil ecológico complementar ao do tambaqui. Enquanto o tambaqui se alimenta principalmente na coluna d’água, a curimba atua no fundo dos viveiros, consumindo restos de ração e matéria orgânica acumulada no sedimento. Essa interação melhora o aproveitamento dos nutrientes sem comprometer o crescimento do tambaqui, principal espécie comercial do sistema.

Os resultados indicam ainda redução significativa de impactos ambientais no cultivo integrado, com diminuição da ocupação do solo, da acidificação, da demanda energética, da dependência de água e da eutrofização da água doce, além de menor emissão de dióxido de carbono por quilo de peixe produzido. A taxa de conversão alimentar também foi aprimorada, aumentando a eficiência produtiva.

A pesquisa foi realizada em viveiros com dimensões e densidade semelhantes às utilizadas comercialmente, o que reforça a aplicabilidade dos resultados no campo. Para a Embrapa, a integração de espécies representa um caminho promissor para tornar a piscicultura amazônica mais resiliente, econômica e alinhada às exigências ambientais, ampliando o papel da aquicultura como alternativa sustentável para a produção de alimentos no Brasil.

Pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura: espécies nativas

PISCICULTURA INTEGRADA x OUTRAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS

Produção de proteína animal

Indicador Piscicultura integrada (AMTI) Pecuária bovina Avicultura Suinocultura
Uso da terra Muito baixo Elevado Médio Médio
Eficiência na produção de proteína Alta Baixa Alta Alta
Emissão de gases de efeito estufa Baixa Alta Média Média
Consumo de água Menor Alto Médio Médio
Pressão sobre novos desmatamentos Reduzida Elevada Moderada Moderada
Aproveitamento de nutrientes Alto (reciclagem no sistema) Baixo Médio Médio

Principais diferenciais da piscicultura integrada

  • Produz 25% mais proteína por hectare em relação ao monocultivo
  • Reduz impactos como eutrofização, acidificação e demanda energética
  • Utiliza espécies com funções ecológicas complementares
  • Maior eficiência alimentar e menor desperdício de nutrientes
  • Sistema alinhado a exigências ambientais e políticas de baixo carbono

Por que isso importa para o agro

  • Menor necessidade de abertura de novas áreas
  • Produção de alimento com menor impacto ambiental
  • Alternativa sustentável para regiões sensíveis, como a Amazônia
  • Contribui para segurança alimentar com responsabilidade ambiental

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