Avanços em financiamento e compromissos ambientais colocam frutas, legumes e verduras no centro das estratégias globais de adaptação.
A agenda internacional de sustentabilidade entrou em uma nova fase após a COP30, com reflexos diretos sobre a produção e a comercialização de frutas, legumes e verduras. O encontro marcou a transição do discurso para a implementação prática de políticas climáticas, colocando o setor de produtos frescos no centro das estratégias globais de adaptação, inovação e resiliência agrícola.
A International Fresh Produce Association (IFPA) teve atuação destacada durante a conferência, defendendo o papel da horticultura como parte da solução climática. A vice-presidente de Sustentabilidade da entidade, Tamara Muruetagoiena, participou de painéis sobre inovação, agricultura regenerativa, adaptação às mudanças do clima e resiliência das cadeias produtivas, além de integrar debates no Pavilhão de Sistemas Alimentares e mesas-redondas voltadas a sementes e segurança alimentar.
Segundo a executiva, a COP30 consolidou avanços importantes no financiamento climático. Os governos concordaram em triplicar os recursos globais destinados à adaptação até 2035, dentro da meta mais ampla de mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano para ações climáticas. Para o setor de produtos frescos, isso representa oportunidades de investimento em irrigação eficiente, variedades mais resistentes ao calor e a doenças, uso de energia renovável em unidades de beneficiamento e maior robustez logística, incluindo a cadeia do frio.
O Brasil também anunciou iniciativas relevantes, como o Mecanismo de Florestas Tropicais para Sempre, com cerca de US$ 6,7 bilhões já prometidos para recompensar a proteção florestal, além de compromissos históricos relacionados aos direitos territoriais de povos indígenas e comunidades locais, abrangendo aproximadamente 160 milhões de hectares, com apoio financeiro de US$ 1,8 bilhão. Esses avanços ampliam a pressão por cadeias de suprimentos livres de desmatamento, maior rastreabilidade e engajamento comunitário, especialmente na produção de frutas tropicais.
Com o encerramento de 2025, o setor entra em um novo ciclo focado em ação coordenada entre produtores, empresas e governos. Em fevereiro de 2026, a IFPA promoverá, durante a Fruit Logistica, em Berlim, um encontro do Conselho e da Comunidade Europeia de Sustentabilidade para alinhar prioridades e acelerar a adoção de soluções sustentáveis. O Brasil estará representado pela country manager da IFPA, Valeska Ciré.
Os desdobramentos da COP30 reforçam o papel estratégico dos produtos frescos na agenda climática global, conectando práticas no campo, exigências de mercado e políticas públicas voltadas à sustentabilidade.
O QUE MUDA A PARTIR DA COP30:
Mais recursos para adaptação
- Compromisso global de triplicar o financiamento climático até 2035
- Meta de mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano para ações climáticas
- Abre espaço para investimentos em irrigação eficiente, energia renovável e logística
Produção mais resiliente
- Incentivo ao desenvolvimento e uso de sementes mais resistentes ao calor, pragas e doenças
- Avanço de práticas de agricultura regenerativa e manejo sustentável
Cadeias de suprimento sob pressão
- Maior exigência por rastreabilidade, transparência e cadeias livres de desmatamento
- Impacto direto sobre produtores e exportadores de frutas tropicais
Valorização da proteção florestal
- Criação do Mecanismo de Florestas Tropicais para Sempre, com US$ 6,7 bilhões já prometidos
- Integração entre produção agrícola e conservação ambiental
Inclusão social e territorial
- Reconhecimento e financiamento de direitos territoriais de povos indígenas e comunidades locais
- Aproximadamente 160 milhões de hectares contemplados
Próximos passos do setor
- Alinhamento internacional previsto para fevereiro de 2026, durante a Fruit Logistica, em Berlim
- Foco em transformar compromissos climáticos em ações concretas no campo


