Novos dados indicam avanço nos embarques de soja e leve recuperação do milho, apesar da queda prevista no trigo.
O Brasil deverá encerrar 2025 com um novo recorde nas exportações de grãos, segundo a atualização estatística da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC). Os dados, elaborados em parceria com a Cargonave, mostram que os embarques nacionais podem alcançar 165,3 milhões de toneladas no ano, superando em mais de 4,4 milhões o volume registrado em 2024.
O principal destaque é a soja em grão, cuja projeção para janeiro a outubro aponta crescimento de 93,5 milhões para 101,4 milhões de toneladas, aumento de quase 8 milhões. O desempenho reflete a combinação de safra maior, boa demanda externa e ritmo consistente de embarques pelos principais corredores logísticos.
O farelo de soja, embora apresente leve recuo – de 19,3 milhões para 19,1 milhões de toneladas –, mantém a base elevada de exportação e segue como um dos principais itens da cadeia da oleaginosa, influenciado pela demanda da Ásia e do Oriente Médio. O milho também tende a fechar o ano em trajetória positiva. A ANEC estima embarques entre 35,4 e 36 milhões de toneladas, desempenho levemente superior ao de 2024 (37,8 milhões), considerando que novembro pode oscilar entre 5,8 e 6,4 milhões de toneladas.
O único produto com queda expressiva é o trigo, que deve encerrar 2025 com 1,7 milhão de toneladas, ante 2,58 milhões no ano anterior. A retração resulta de menor disponibilidade interna e da competição com origens estrangeiras, especialmente Argentina e Estados Unidos.
Os relatórios semanais indicam que a reta final de novembro segue aquecida. Entre 16 e 22 de novembro, as exportações somaram 2,7 milhões de toneladas entre soja, farelo, milho e trigo. Na semana seguinte, o volume avançou para 3,7 milhões, puxado pelo milho, que superou 1,6 milhão de toneladas em um único período. As projeções mensais confirmam o ritmo robusto do complexo soja ao longo de todo o ano, com meses que ultrapassaram 14 milhões de toneladas embarcadas. No agregado, a oleaginosa representa mais de 60% de tudo o que o país exporta no segmento.
Com o avanço da colheita de verão e a normalização da logística portuária após os eventos climáticos extremos de 2024, a expectativa é de que o país mantenha sua posição como o maior exportador global de soja e um dos líderes em milho. Para a ANEC, o resultado reforça o peso estratégico do agronegócio na balança comercial e sinaliza um ciclo de transição positiva após um ano marcado por instabilidades regionais.


