Tarifaço: ApexBrasil aponta mercados para produtos de estados do Sudeste

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Estudo da Agência indica mercados alternativos aos Estados Unidos para produtos de todos os estados brasileiros impactados pelas tarifas baixadas por Donald Trump.

 

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) lançou no dia 3 de setembro o estudo “Diversificação de Mercados por Estados Brasileiros”, que analisa o impacto das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações do Brasil de cada Unidade da Federação. A publicação é parte do esforço da Agência no apoio às empresas afetadas e apresenta alternativas de mercados para os produtos mais afetados. O material já está disponível gratuitamente no site da Agência.

Para Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, o estudo é um de muitos passos que a Agência tem dado para mitigar os efeitos causados pelo tarifaço. “Estamos mapeando, estado por estado, os mercados mais dependentes das exportações para os Estados Unidos, para compreender com precisão quais cadeias produtivas e setores estão mais expostos. A partir desse diagnóstico, a Apex vai atuar buscando alternativas concretas para inserir esses produtos em novos mercados, diversificando destinos e reduzindo riscos para as empresas brasileiras. Esse trabalho é paralelo à manutenção do trabalho com Washington, em articulação com o Governo Federal, para buscar soluções que minimizem os impactos imediatos das tarifas sobre nossa pauta exportadora”, comentou.

Em 2024, os EUA foram o segundo principal destino das exportações brasileiras, alcançando um valor de cerca de US$ 40 bilhões, que representam 12% da pauta exportadora. A Região Sudeste respondeu por 71% das vendas externas para os Estados Unidos, sendo, portanto, a mais afetada pelas tarifas impostas. Segundo o levantamento da ApexBrasil, todos os estados da região apresentam expressiva exposição ao mercado norte-americano, com destaque para Espírito Santo (28,6%) e São Paulo (19,1%).

O gerente regional da ApexBrasil, Igor Celeste, comenta a situação da região: “O Sudeste é a região mais exposta às tarifas norte-americanas, respondendo por mais de 70% das exportações brasileiras para os EUA. Os estados Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo terão de acelerar sua estratégia de diversificação e o estudo aponta destinos alternativos para os produtos que têm os Estados Unidos como principal destino”.

O estudo mostra, por exemplo, que produtos como café, minério de ferro, petróleo e aeronaves, que são exportados pelos estados da região para os EUA, encontram oportunidades na Europa, Ásia e América Latina, o que, segundo Igor Celeste, abre espaço para reduzir riscos e ampliar mercados.

Situação por estado do Sudeste – Em 2024, os EUA foram o principal destino das exportações do Espírito Santo, recebendo 28,6% do total exportado pelo estado para o mundo, movimentando US$3,1 bilhões. Entre os principais produtos vendidos estão semimanufaturados, de outras ligas de aços; pedras de cantaria, trabalhadas de outro modo e obra; mármore, travertino e alabastro, trabalhado de outro modo e obras, entre outros. O estudo da ApexBrasil identificou oportunidades para um total de oito produtos exportados pelo estado, concentradas, principalmente, nos mercados da União Europeia, como Alemanha e França; da América do Norte, como Canadá; e da Ásia, como Índia e Japão.

Assim como Espírito Santo, o estado de São Paulo também teve os Estados Unidos como principal destino de suas exportações em 2024, com 19,1% dos produtos do estado exportados para o país norte-americano, movimentando US$13,6 bilhões. Todas as exportações de Sebo bovino fundido (incluindo premier jus) de SP em 2024 foram destinadas aos EUA. Aviões e outros veículos aéreos, a turbojato, com peso entre 7 mil e 15 mil kg vazios e outras unidades de máquinas automáticas para processamento de dados também têm significativa dependência do mercado norte-americano, com 98,8% e 94,2% das exportações destinadas aos EUA, respectivamente. O estudo da ApexBrasil identificou oportunidades para um total de 20 produtos distintos exportados pelo estado, concentradas, principalmente, nos mercados da União Europeia, como Espanha e França; da América do Sul, como Argentina e Colômbia; e da América do Norte, como Canadá e México.

Já em Minas Gerais, em 2024, os EUA figuraram em segundo lugar como destino das exportações, representando 11% do total vendido pelo estado ao exterior, atrás apenas da China (36,6%). O comércio entre EUA e Minas Gerais somou US$ 4,6 bilhões no ano passado. Turborreatores de empuxo superior a 25kN; outros aviões e outros veículos aéreos de peso superior a 15 mil kg vazios; obras que contenham magnesita, dolomita ou cromita, crus, aglomerados com aglutinante químico são alguns dos produtos que, em 2024, tiveram mais de 90% das exportações mineiras destinadas aos EUA. No levantamento da ApexBrasil, foram identificadas oportunidades para 13 produtos distintos exportados pelo estado, com alternativas, principalmente, nos mercados da União Europeia, como Países Baixos (Holanda), Alemanha e Espanha; Ásia, como Tailândia e Japão; e da América do Sul, como Colômbia e Equador.

O estado do Rio de Janeiro (RJ) também tem os Estados Unidos como segundo maior destino das vendas externas, destinando 16,2% das suas exportações para os americanos em 2024. A pauta exportadora do RJ para os EUA somou US$ 7,4 bilhões em 2024. Na categoria ‘Outras gasolinas, exceto para aviaçã’ todas as exportações do Rio de Janeiro seguiram para os Estados Unidos no ano passado. Os setores de ‘Preparações alimentícias e conservas, da espécie bovina’ e ‘produtos semimanufaturados, de outras ligas de aços’ também tiveram a maioria absoluta das exportações destinadas aos EUA em 2024, representando 99,9% e 98,5%, respectivamente. Para o estado, o estudo da ApexBrasil identificou oportunidades para seis produtos distintos, principalmente nos mercados da União Europeia, como Alemanha e Franca, da América do Sul, como Paraguai e Colômbia, e da América do Norte, como Canadá e México.

Sobre o estudo – O estudo da ApexBrasil identificou 195 produtos brasileiros potencialmente impactados, considerando o peso das exportações para os EUA em cada Unidade da Federação. A análise também aponta mercados alternativos para esses bens, com base na metodologia do MAPA de Oportunidades da Agência, que classifica os destinos em perfis como Abertura, Consolidação, Manutenção e Recuperação.

Segundo o gerente de Inteligência de Mercado, Gustavo Ribeiro, “o objetivo da publicação é fornecer subsídios práticos para empresas e gestores públicos de todo o país, apoiando decisões de diversificação e reduzindo riscos em um cenário internacional de maior instabilidade comercial”.

A medida capitaneada pela ApexBrasil integra o conjunto de ações lançado pelo Governo Federal por meio do Plano Brasil Soberano. São iniciativas que visam proteger o país dos efeitos da tarifação unilateral, apoiar exportadores brasileiros, preservar empregos, incentivar investimentos em setores estratégicos e assegurar a continuidade do desenvolvimento econômico do país.

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