StoneX destaca piora na relação de troca entre soja e fertilizante

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Agronomist inspects soybean crop in agricultural field - Agro concept - farmer in soybean plantation on farm.

Como alternativa, importadores têm buscado sulfato de amônio, no caso dos nitrogenados, e o TSP e o SSP, quando se trata de fosfatados.

 

Os meses que antecedem a safra 2025/26 têm sido marcados por forte pressão de alta nos custos dos fertilizantes no Brasil. De acordo com o relatório semanal de fertilizantes da StoneX, empresa global de serviços financeiros, entre janeiro e meados de agosto, os preços da ureia nos portos brasileiros subiram cerca de 33%. No mesmo período, o MAP (fosfatado amplamente utilizado no país) avançou 19%, enquanto o cloreto de potássio registrou alta de 20%.

No Brasil, os preços elevados no mercado de fertilizantes podem impor um sério desafio para os agricultores. Segundo o analista de Inteligência de Mercado, Tomás Pernías, as relações de troca entre a soja e o MAP já estão nos piores níveis dos últimos anos, situação que tende a inibir o consumo desse fertilizante e colocar os agricultores em postura de cautela para planejar novas aquisições de insumos.

“A demanda indiana tem sustentado as cotações desse nitrogenado, e isso, somado a uma queda no preço do milho, reduziu a atratividade das relações de troca no Brasil”, ressalta Pernías. Como alternativa, compradores brasileiros têm buscado sulfato de amônio, no caso dos nitrogenados, e o TSP e o SSP, quando se trata de fosfatados.

Diante desse cenário, com a aproximação da safra a própria demanda interna deve reforçar a pressão sobre os preços, reduzindo as chances de alívio no curto prazo. “Esse contexto reforça a necessidade de o produtor adotar um bom gerenciamento de custos e de riscos”, pontua Pernías. Além do custo elevado dos insumos, o produtor brasileiro enfrenta em 2025 condições de crédito mais onerosas, aumentando o desafio financeiro para viabilizar a safra.

Escalada global – “Essa escalada, porém, não é exclusividade do mercado brasileiro. A Índia, em plena safra Kharif, e até mesmo os Estados Unidos — fora de sua alta temporada de compras — também enfrentam preços elevados no complexo NPK”, diz o analista de Inteligência de Mercado.

Segundo o relatório, o movimento de alta está diretamente ligado ao aperto na relação entre oferta e demanda global. A China, tradicional fornecedora para diversos países, tem restringido exportações para garantir seu abastecimento interno. Ao mesmo tempo, a forte demanda da Índia, um dos maiores importadores mundiais, tem sustentado os preços internacionais.

No cenário internacional, dúvidas também pesam sobre a previsibilidade do setor. A tarifa anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos indianos, em reação a fluxos comerciais que beneficiam a Rússia, acendeu um alerta entre os compradores brasileiros. “Em 2024, a Rússia foi a principal fornecedora de fertilizantes ao Brasil, e qualquer mudança nas dinâmicas comerciais globais pode impactar diretamente o abastecimento nacional”, conclui Pernías.

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