Resiliência climática pode criar 280 milhões de empregos em 10 anos

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Um relatório internacional lançado durante as Reuniões Anuais do Banco Mundial, em Washington (EUA), mostra que investimentos em adaptação e resiliência climática podem gerar ganhos econômicos expressivos para os países em desenvolvimento. O estudo, intitulado “The Returns on Resilience” (Os Retornos da Resiliência), foi preparado por 20 organizações globais e coordenado pela consultoria Systemiq, com apoio da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Fundação das Nações Unidas, WRI e Boston Consulting Group, entre outros.

De acordo com o levantamento, US$ 350 bilhões em investimentos direcionados à resiliência e à natureza até 2035 podem criar 280 milhões de novos empregos e impulsionar significativamente o PIB de países emergentes. O estudo estima que, em algumas nações vulneráveis, o crescimento pode ser 15% maior até 2050, com redução de riscos fiscais e da dívida soberana.

Para cada dólar aplicado em adaptação, o retorno pode chegar a quatro vezes o valor investido, segundo o relatório, que calculou uma taxa média de retorno anual de 25%. O mercado global de soluções climáticas voltadas à resiliência deve movimentar US$ 1,3 trilhão por ano até 2030, com destaque para setores como alimentação, infraestrutura, água, energia e biodiversidade.

Custos da inação e oportunidades para o agro – O estudo alerta, porém, que a falta de investimento em resiliência já custou ao mundo cerca de US$ 525 bilhões em crescimento econômico nas últimas duas décadas, especialmente em economias emergentes. Caso nenhuma ação seja tomada, as perdas podem chegar a US$ 1,2 trilhão até 2050, reduzindo o PIB global em até 23%. Além do impacto financeiro, eventos extremos como secas, enchentes e ondas de calor já deslocam mais de 20 milhões de pessoas por ano, afetando a produção de alimentos e o abastecimento hídrico.

Na Amazônia, o investimento em adaptação é visto como essencial para equilibrar desenvolvimento econômico e conservação ambiental. Para Virgilio Viana, superintendente da Fundação Amazônia Sustentável, “investir em resiliência na Amazônia é fundamental para que os guardiões da floresta possam combinar uma trajetória de melhoria da qualidade de vida com a proteção da floresta em pé”.

A COP30, que será realizada em Belém (PA), surge como um marco para transformar a agenda global de mitigação e adaptação. “Construir resiliência não é apenas proteger pessoas e ecossistemas, mas sustentar nossa economia global e o tecido da cooperação multilateral”, afirma Alice Amorim, da presidência do evento.

O relatório também recebeu apoio de líderes internacionais, como Ban Ki-moon, ex-secretário-geral da ONU, que classificou o estudo como “um chamado à ação para que os líderes mundiais façam da resiliência e da adaptação a agenda de investimentos do nosso tempo”.