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Queda no preço do leite ao produtor se intensifica em 2025 e pressiona rentabilidade

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Boletim do CILeite mostra recuo mensal e anual nas cotações, piora na relação de troca com ração e cenário ainda desafiador apesar da desaceleração das importações.

 

O mercado brasileiro de leite encerra 2025 sob forte pressão sobre a rentabilidade do produtor, reflexo da queda expressiva nos preços pagos ao campo e da deterioração da relação de troca com a ração. Dados do Boletim Indicadores Leite e Derivados, do Centro de Inteligência do Leite (CILeite/Embrapa Gado de Leite), mostram que o preço médio nacional do leite ao produtor ficou em R$ 2,30 por litro em outubro, com recuo de 5,8% no mês e de 18,1% na comparação com outubro de 2024.

A retração foi generalizada entre os principais estados produtores. São Paulo registrou o maior valor médio (R$ 2,42/litro), seguido por Minas Gerais (R$ 2,39) e Paraná (R$ 2,29), mas todos apresentaram variações mensais negativas. O movimento reflete oferta elevada em parte do ano e consumo interno ainda cauteloso.

Outro ponto de alerta é a relação de troca leite/mistura, que voltou a piorar. Em outubro, foram necessários 33,2 litros de leite para a compra de 60 kg de ração, indicador menos favorável tanto em relação ao mês anterior quanto ao mesmo período de 2024. O encarecimento relativo dos insumos limita a margem dos produtores, mesmo com a queda recente dos grãos.

No varejo, o cenário é distinto. Em novembro, o preço médio da cesta de lácteos caiu 2,3% no mês e 2,0% em 12 meses, abaixo da inflação oficial (IPCA) de 4,5% no período. O leite UHT liderou as quedas, com retração de 5,0%, seguido pelo leite condensado (-1,9%). Iogurtes permaneceram estáveis.

No comércio exterior, as importações de lácteos somaram 177 milhões de litros equivalentes em novembro, queda de 14,8% no mês e de 13,2% em 12 meses, com o leite em pó mantendo-se como principal item. As exportações, embora em patamar bem menor, avançaram 10,3% frente a outubro, alcançando 4,9 milhões de litros equivalentes.

Apesar da redução das importações, o saldo da balança comercial de lácteos segue negativo. No acumulado de 2025, o déficit chegou a US$ 870 milhões, equivalente a 1,93 bilhão de litros de leite.

No mercado internacional, os preços também recuaram. Na primeira quinzena de dezembro, o leite em pó integral caiu 3,3%, cotado a US$ 3.364 por tonelada, enquanto o desnatado recuou 2,1%, para US$ 2.498 por tonelada.

O conjunto dos indicadores aponta que, apesar de algum alívio no varejo e na importação, o produtor segue enfrentando um cenário adverso, marcado por preços baixos, margens apertadas e desafios estruturais para a sustentabilidade da atividade leiteira.

 

INDICADORES DO MERCADO DE LEITE – DEZEMBRO/2025

Fonte: Centro de Inteligência do Leite (CILeite) – Embrapa Gado de Leite

  • Preço médio ao produtor (out/25): R$ 2,30/litro
    ▸ Queda de 5,8% em relação a setembro
    ▸ Recuo de 18,1% na comparação anual
  • Preço do leite ao produtor – principais estados:
    ▸ São Paulo: R$ 2,42/litro
    ▸ Minas Gerais: R$ 2,39/litro
    ▸ Paraná: R$ 2,29/litro
  • Relação de troca leite/ração:
    33,2 litros de leite para comprar 60 kg de ração
    ▸ Indicador pior que o mês anterior e que 2024
  • Preços no varejo (nov/25):
    ▸ Cesta de lácteos: -2,3% no mês | -2,0% em 12 meses
    ▸ Leite UHT: -5,0%
    ▸ Leite condensado: -1,9%
    ▸ Iogurtes: estabilidade
  • Importações de lácteos (nov/25):
    177 milhões de litros equivalentes
    ▸ Queda de 14,8% no mês
    ▸ Recuo de 13,2% em 12 meses
  • Exportações de lácteos (nov/25):
    4,9 milhões de litros equivalentes
    ▸ Alta de 10,3% em relação a outubro
  • Balança comercial de lácteos (2025):
    ▸ Déficit de US$ 870 milhões
    ▸ Equivalente a 1,93 bilhão de litros de leite
  • Preços internacionais (1ª quinzena dez/25):
    ▸ Leite em pó integral: US$ 3.364/t (-3,3%)
    ▸ Leite em pó desnatado: US$ 2.498/t (-2,1%)

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