Confederação mantém projeção, mas alerta para desaceleração da indústria e queda nas exportações.
A economia brasileira deve encerrar 2025 com expansão de 2,3% no PIB, segundo o Informe Conjuntural do 3º trimestre, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O resultado será sustentado principalmente pela alta de 8,3% da agropecuária e pelo crescimento de 2% dos serviços, enquanto a indústria deverá ter desempenho mais modesto, com avanço previsto de apenas 1,6%.
O destaque negativo é a indústria de transformação, que viu sua projeção despencar de 1,9% no início do ano para 0,7%, depois de crescer 3,8% em 2024. A queda foi amenizada pelo bom desempenho da indústria extrativa, com previsão de alta de 6,2%, impulsionada pela produção de petróleo.
Para o diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, a desaceleração industrial decorre de uma combinação de fatores. “A demanda por bens industriais na economia brasileira vem diminuindo. Além disso, nós tivemos um aumento expressivo das importações. O fator mais recente são as tarifas adicionais dos Estados Unidos. Em agosto e setembro, as exportações desse segmento para os EUA caíram 21,4%.”
A construção civil também foi afetada pelo cenário macroeconômico, com projeção de alta reduzida para 1,9%. Segundo a CNI, os juros elevados reduziram o consumo de materiais e limitaram o número de novos projetos.
Balança comercial e inflação em movimento – O comércio exterior também reflete as mudanças no ambiente global. A CNI estima que as importações atinjam US$ 287,1 bilhões, valor recorde, enquanto as exportações devem alcançar US$ 347,5 bilhões, alta de 2,3%. Com isso, o superavit comercial deverá cair para US$ 60,5 bilhões, 8,2% abaixo de 2024.
A inflação tende a seguir em queda, encerrando o ano em 4,8%, mas a manutenção da Selic em 15% elevará os juros reais e restringirá o acesso ao crédito, com impacto direto sobre os investimentos, que devem crescer apenas 3%.
Apesar do cenário desafiador, o consumo das famílias continuará sendo um dos motores da economia. A massa de rendimentos reais deve crescer 5,4%, impulsionando o consumo em 2,3%. O mercado de trabalho, no entanto, tende a desacelerar no segundo semestre, com ritmo menor de criação de vagas.