A pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, será homenageada em 23 de outubro, em Des Moines (EUA), com o Prêmio Mundial da Alimentação (World Food Prize – WFP), considerado o “Nobel da Agricultura”. A honraria reconhece mais de quatro décadas de contribuição científica para o desenvolvimento de bioinsumos e o avanço da agricultura sustentável.
Mariangela celebrou a conquista destacando o caráter coletivo do trabalho. “Estou recebendo esse Prêmio com uma emoção incrível, mas preciso enfatizar que não estou sozinha. Esse Prêmio também pertence a colegas de trabalho, alunos, ex-alunos, enfim, todos que acreditaram neste sonho”. A cientista defende que a agricultura moderna precisa estar alinhada a princípios de sustentabilidade e governança. “Essa abordagem busca produzir mais com menos — menos insumos, menos água, menos terra, menos esforço humano e menor impacto ambiental.”
O chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, ressalta a importância da premiação. “É um privilégio contar com a expertise da Mariangela. Premiar a Mariangela com o WFP é um reconhecimento merecido à trajetória de excelência dessa cientista que é um orgulho para a Embrapa e para todo o Brasil.”
Impacto direto na produção agrícola – Com mais de 30 tecnologias desenvolvidas, Mariangela revolucionou a microbiologia do solo ao mostrar que a inoculação anual com Bradyrhizobium aumenta em média 8% a produção de soja sem uso de fertilizantes nitrogenados. Em 2024, a prática resultou em economia de US$ 25 bilhões e evitou a emissão de 230 milhões de toneladas de CO₂.
Além disso, tecnologias de coinoculação e uso de bactérias em culturas como feijão, milho, trigo e pastagens ampliaram a eficiência produtiva e reduziram custos ambientais e econômicos. Mariangela iniciou sua trajetória na Embrapa em 1982 e hoje figura entre os 100 mil cientistas mais influentes do mundo, segundo a Universidade de Stanford. Ao refletir sobre sua trajetória, afirma: “Sempre acreditei na vida no solo. Nunca me desviei nem um milímetro do que eu acreditava”.
“Ao longo da minha carreira científica, fui honrada com inúmeros prêmios e reconhecimentos nacionais e internacionais que eu nunca havia sonhado. Acredito que o fator diferenciador na minha carreira sempre foi uma abordagem ‘da ciência básica à aplicada’, cobrindo muitos tópicos, desde estudos de evolução bacteriana até o desenvolvimento de inoculantes microbianos para agricultores”, conclui.




