MAPA e ANDA firmam acordo para fortalecer setor de fertilizantes

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Acordo de cooperação técnica entre o Ministério da Agricultura e Pecuária e a Associação Brasileira para a Difusão de Adubos (ANDA) foi anunciado no 12º Congresso Brasileiro de Fertilizantes (2/09), promovido pela entidade no WTC Sheraton, em São Paulo. A parceria visa ao intercâmbio de conhecimento entre os setores público e privado, objetivando beneficiar a sociedade por meio do melhor entendimento e acesso a informações qualificadas sobre fertilizantes e nutrição de plantas.

Assinado por Guilherme Campos Júnior, secretário de Política Agrícola do MAPA, e Eduardo de Souza Monteiro, presidente do Conselho de Administração da ANDA, o acordo tem as seguintes finalidades específicas: aprimoramento das estatísticas setoriais, uma demanda recorrente que a entidade trabalha para aperfeiçoar; fomento à inovação e bioinsumos; produção de conhecimento estratégico; e mobilização de recursos para sustentabilidade.

Na cerimônia de abertura, o ex-ministro Roberto Rodrigues, professor emérito da FGV, salientou a conclusão de um amplo relatório e uma agenda unificada do agro brasileiro, com foco em temas como segurança alimentar e sustentabilidade dos fertilizantes. O documento está sendo elaborado com a ANDA e outras lideranças.

Guilherme Campos Júnior e Eduardo Monteiro: parceria

Geraldo Alckimin, vice-presidente da República, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e presidente do Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert), fez breve balanço de projetos nacionais voltados à fabricação de adubos, em vídeo. “Com o Complexo da Serra do Salitre, por exemplo, produziremos o equivalente a 15% da oferta nacional de fosfatados; com a retomada da Fábrica de Fertilizantes (Fafen), na Bahia, e a recente volta da operação da Araucária (ANSA), no Paraná, supriremos cerca de 20% da demanda nacional de nitrogenados; e com Projeto Autazes, no Amazonas, serão produzidos cerca de 20% da nossa demanda pelo cloreto de potássio”, revelou.

O deputado federal Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, também por vídeo, ressaltou o forte empenho para aprovação do Profert (Projeto de Lei 699/2023) na Câmara. O objetivo principal é fortalecer a produção e distribuição de fertilizantes no País, concedendo incentivos tributários e fiscais para as empresas do setor, especialmente para aquelas que investem na implantação e modernização de sua infraestrutura de produção. O parlamentar lembrou que o PL 2.022/2022, que zera as alíquotas de PIS/Cofins sobre a importação e venda de adubos e fertilizantes no mercado interno, já foi aprovado na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

Alberto Amorim, secretário-executivo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, enfatizou o papel do setor brasileiro de fertilizantes no sentido de orientar os produtores e corrigir a utilização equivocada dos insumos. “Isso é algo único no mundo. Foi essa iniciativa que possibilitou o avanço da produção para numerosas áreas até então não férteis do Brasil, hoje convertidas no grande pulmão do cultivo de cereais do nosso país e do mundo”.

Guilherme Campos Júnior, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, apontou a necessidade de readequação do seguro rural, no sentido de que seja mais parecido com o modelo dos Estados Unidos, visando à subvenção das apólices. “Isso é importante para proteger o produtor”, disse, também, que o Governo Federal defende a aprovação do Profert e do PL da senadora Tereza Cristina sobre o seguro rural, mostrando haver um alinhamento dos poderes em favor do agro.

Futuro dos fertilizantes – Um dos destaques debatidos no congresso foi a expectativa das entregas de fertilizantes, que está entre 48 e 49 milhões de toneladas para este ano. De acordo com Jefferson Souza, analista de fertilizantes na Agrinvest Commodities, “hoje o número é de 48,2 milhões de toneladas para 2025, recorde absoluto na teoria”. A afirmação foi corroborada por Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, que afirmou ter expectativa de atingirmos 49 milhões de toneladas de fertilizantes negociadas.

A falta de crédito para o produtor rural e a preocupação para diminuir a dependência externa foram pontos importantes nos debates. Nesse sentido, o consenso no palco do evento foi de que o desenvolvimento do setor passa pelo aprimoramento logístico, fatores decisivos na estratégia de desenvolvimento sustentável e econômico do produtor brasileiro.

“Agricultura Regenerativa e os Fertilizantes”, tema do primeiro painel da programação do evento, reforçou a relevância do bioinsumo para a regeneração e a produtividade do solo, como base do aperfeiçoamento da agricultura sustentável no Brasil, o debate também evidenciou a urgência de regulamentar a lei dos bioinsumos, a fim de que essas novas tecnologias possam ser aprovadas de forma mais simples, ágil e funcional. Participaram: José Calos Polidoro, assessor do Ministério da Agricultura e Pecuária, Jenny Wang, vice-presidente Executiva Comercial da Mosaic, e Francisco Matturro, presidente executivo da Rede Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). A coordenação ficou a cargo de Eduardo de Souza Monteiro, presidente do Conselho de Administração da ANDA.

Em seguida, os negócios ganharam mais destaque. O painel “A Economia Brasileira, o Agronegócio e os Fertilizantes” abordou os efeitos das tensões geopolíticas e comerciais no comércio global, os desafios de crédito para os produtores, a importância da segunda safra para a competitividade brasileira, e o papel estratégico dos fertilizantes na sustentabilidade do crescimento agrícola. O recorde do Plano Safra 2025/26 foi ponto de atenção, que demandará políticas públicas robustas para apoiar o produtor em meio às incertezas econômicas e climáticas. Participaram como palestrantes Jeferson Souza, analista de Fertilizantes na Agrinvest Commodities, Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, além do debatedor Guilherme Campos, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária, sob a coordenação de Maicon Cossa, conselheiro da ANDA e diretor-presidente da EuroChem Brasil.

A tarde foi iniciada pela apresentação da Nutrientes para a Vida, instituição da ANDA, que desmistifica os fertilizantes. Houve a entrega do 4º Prêmio Carlos Florence também da ANDA, reconhecendo o trabalho vencedor “Fertilizantes Nitrogenados de Nova Geração: Tecnologias Integradas para Mitigar Perdas por Volatização de Amônia e Melhorar a Performance Agronômica”, de Bruno Maia Abdo Rahme Cassim, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo – Esalq/USP.

O terceiro painel, “Geopolítica Mundial: riscos e oportunidades e os Impactos na oferta e demanda global de fertilizantes”, recebeu os palestrantes Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, e os debatedores Renata Cardarelli, editora de Grãos e Fertilizantes da Argus Media, com coordenação de Gustavo Zaitune, conselheiro da ANDA e CEO da Adufértil, para permear os riscos e oportunidades gerados pela instabilidade internacional e os efeitos dessas mudanças no mercado. O debate promoveu o Brasil como potência agrícola, figura central no comércio global, desde que avance em logística, infraestrutura e políticas que fortaleçam a segurança do abastecimento de insumos estratégicos.

Inovação – No painel “A Agenda Regulatória e as Inovações e Incorporações de novas tecnologias na indústria de fertilizantes”, foram debatedores: Alessandro Cruvinel, diretor do Departamento de Apoio à inovação para Agropecuária do Ministério de Agricultura e Pecuária, Eduardo Brito Bastos, diretor-executivo do Instituto de Estudos do Agronegócio (IEAG) na ABAG e Isabela Malpighi, vice-presidente de Sustentabilidade da PepsiCo para a América Latina, sob coordenação de Guilherme Schmitz, vice-presidente de Marketing e Agronomia da Yara. Essas vozes convergiram sobre a importância das novas tecnologias, como fertilizantes especiais, bioinsumos e soluções de baixo carbono, que já transformam o setor, mas dependem de uma regulação mais ágil e integrada para ganhar escala. O painel ainda relembrou a necessidade de maior colaboração entre governo, empresas e centros de pesquisa para que o Brasil se consolide como referência mundial em inovação agrícola.

O congresso reafirmou a posição inovadora do setor dos fertilizantes na agricultura regenerativa, das práticas sustentáveis em prol de energia limpa, como peça-chave para aumentar a eficiência produtiva e, ao mesmo tempo, reduzir impactos ambientais. Foi reiterada a importância do insumo para a nutrição das plantas e do solo, imprescindível no planejamento rural, garantindo um futuro mais sustentável do agronegócio.

Durante o encerramento do 12º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, Monteiro, presidente da ANDA, observou que o evento “é um marco histórico do setor e a cada edição reforça a importância de estarmos discutindo juntos o presente e desenhando o futuro”. Mais de 900 pessoas participaram desse dia de convergência de conhecimentos sobre adubos entre o público e o privado, além das 3 mil que assistiram à programação on-line. A próxima edição será realizada no dia 25 de agosto de 2026.

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