Previsões indicam temperaturas acima da média em quase todo o país e distribuição irregular de chuvas, afetando o ciclo de verão.
O mês de dezembro deverá registrar um mosaico climático no Brasil, combinando chuvas acima da média em grande parte do Centro-Oeste, Sudeste, Norte e Nordeste, enquanto a Região Sul tende a enfrentar mais um período de precipitações abaixo da climatologia histórica, segundo previsão divulgada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Os mapas meteorológicos apontam um cenário que exige atenção redobrada de produtores rurais, especialmente na fase inicial das culturas de verão.
No Norte, a previsão indica acumulados até 50 mm acima da média em áreas do Amazonas, Tocantins, Pará e Amapá — podendo chegar a 150 mm acima do normal em pontos isolados. Entretanto, Acre, oeste do Amazonas e partes do Pará devem registrar chuvas abaixo da média, aumentando o risco de déficit hídrico para culturas como cacau, açaí e fruticultura tropical. Em áreas com maior precipitação, a tendência é de boa recuperação hídrica e favorecimento das pastagens.
No Nordeste, Bahia e Piauí apresentam maior probabilidade de volumes acima da média, beneficiando feijão, milho e fruticultura irrigada. Apenas porções do norte do Maranhão devem enfrentar déficit. As temperaturas mais altas — até 1 °C acima da média — podem acelerar ciclos, mas também elevam riscos de estresse térmico.
A Região Centro-Oeste tende a ter um dezembro predominantemente úmido, especialmente em Goiás, no oeste do Mato Grosso e no leste do Mato Grosso do Sul. Essas condições favorecem soja e milho em fase vegetativa, garantindo boa reposição hídrica. Por outro lado, o norte do Mato Grosso e áreas do oeste do MS podem vivenciar períodos curtos de restrição, prejudicando lavouras implantadas mais tarde. O excesso de calor — com desvios até 1,5 °C — aliado à alta umidade pode intensificar pragas e doenças.
No Sudeste, Minas Gerais, Rio de Janeiro e grande parte de São Paulo devem registrar chuvas acima da climatologia, favorecendo semeadura e estabelecimento das culturas de verão. O aumento das temperaturas — até 1 °C acima da média — pode acelerar o desenvolvimento da cana e beneficiar a florada inicial do café, desde que a umidade seja suficiente.
A Região Sul é a área de maior atenção. A previsão indica chuvas abaixo da média em praticamente toda a região, com redução de até 75 mm no oeste do Rio Grande do Sul. O quadro pode favorecer o término da colheita das culturas de inverno, mas impõe riscos ao início do ciclo do milho e da soja em áreas com menor umidade. Temperaturas elevadas — superiores a 18 °C e até 1 °C acima da média — podem acelerar a maturação e aumentar a evapotranspiração.
O INMET reforça que monitoramentos frequentes são fundamentais, especialmente em regiões de transição climática ou sob influência de eventos de calor extremo. Como órgão oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária e representante brasileiro na Organização Meteorológica Mundial, o instituto destaca que decisões técnicas tomadas agora terão reflexo direto na produtividade do ciclo 2025/26.


