Operação conjunta da PM e Receita Federal intercepta 32 toneladas de produtos contrabandeados e evidencia a expansão do crime no campo.
Uma ação integrada entre o Comando de Operações de Divisas (COD) da Polícia Militar de Goiás (PMGO) e a Alfândega da Receita Federal de Foz do Iguaçu (PR) resultou, no último domingo (02/11), na maior apreensão do ano de agrotóxicos contrabandeados do Paraguai. Foram recolhidas 32 toneladas de produtos ilegais, avaliadas em R$ 10 milhões, além da prisão de oito suspeitos e apreensão de um caminhão utilizado no transporte.
Os agentes chegaram ao local após um trabalho de inteligência que vinha monitorando a rota interestadual usada por grupos especializados em introduzir produtos agrícolas ilegais no país. O flagrante ocorreu em Edéia (GO), quando os criminosos descarregavam as cargas em um galpão. Parte do material vinha também da China, o que reforça o caráter transnacional do crime.

No imóvel, os policiais encontraram cinco toneladas de agrotóxicos e 27 toneladas de fertilizantes falsificados, todos sem rótulo, bula ou identificação legal. O material foi encaminhado para a delegacia de Rio Verde (GO), onde o caso está sendo investigado como crime de contrabando e infração ambiental.
Segundo a PMGO, a operação é a maior do tipo registrada no país em 2025. A corporação destacou que a ação é parte de uma estratégia conjunta com órgãos federais para enfraquecer as quadrilhas que atuam nas fronteiras agrícolas.
“A apreensão exemplifica a importância do trabalho de inteligência das forças de segurança do Estado de Goiás no combate aos crimes rurais. O setor sofre deste problema há bastante tempo e percebe-se que os grupos criminosos têm se mostrado cada vez mais organizados”, afirmou Nilto Mendes, gerente de Combate a Produtos Ilegais da CropLife Brasil.
Mendes lembra que o mercado clandestino de insumos agrícolas no Brasil já representa 25% do total comercializado, segundo dados do Instituto de Desenvolvimento Econômico e de Fronteiras (IDESF). “O contrabando representa a maior parte desse percentual, principalmente daqueles produtos proibidos no Brasil”, acrescentou.
A CropLife Brasil tem mantido o combate ao mercado ilícito como pauta estratégica. A entidade atua em parceria com órgãos públicos e produtores rurais, além de manter um canal de denúncias em seu site. Também promove, em colaboração com a Escola de Segurança Multidimensional (ESEM) da USP, o Programa de Formação no Combate aos Mercados Ilícitos de Insumos Agrícolas, que chega à sua quarta turma em 2025.
Especialistas alertam que o uso de agrotóxicos falsificados ou contrabandeados compromete a segurança alimentar, o meio ambiente e a saúde humana, além de prejudicar a competitividade da agricultura formal. As apreensões recentes, segundo autoridades, indicam um avanço da criminalidade organizada sobre o agronegócio, exigindo coordenação entre forças policiais, governo e setor produtivo.


