O Brasil conseguiu manter saldo positivo na balança comercial em 2025, apesar da intensificação da disputa tarifária entre Estados Unidos e China. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o superávit foi garantido principalmente pelos embarques do agronegócio e de produtos industrializados. No primeiro semestre, o impacto da guerra comercial já era visível, com tarifas que ultrapassaram 100% em determinados setores das duas maiores economias do mundo.
Entre os fatores que têm permitido às empresas brasileiras preservar margens de competitividade está o regime de Drawback. Esse mecanismo possibilita a suspensão ou isenção de tributos sobre insumos utilizados na produção de mercadorias destinadas à exportação, o que pode reduzir em até 18% o custo final. De acordo com o MDIC, em 2023, o Drawback respondeu por cerca de US$ 75,3 bilhões em exportações, representando 25% do total nacional.
Thiago Oliveira, CEO da Saygo, holding especializada em comércio exterior e câmbio, avalia que o equilíbrio entre diversificação de mercados e regimes especiais tem sido essencial para a performance brasileira. “Não basta buscar novos compradores. Os destinos mais promissores são também os mais exigentes, com regras ambientais, sanitárias e regulatórias mais rigorosas. O segredo está em unir adaptação do portfólio, eficiência tributária e logística”, afirma.

Desafios e oportunidades – Com o aumento das tarifas americanas sobre produtos como aço, carnes e suco de laranja, as empresas brasileiras têm ampliado embarques para regiões alternativas. O Sudeste Asiático, em especial Vietnã, Indonésia e Índia, vem ampliando a demanda por commodities agrícolas, químicos e manufaturados. Já a União Europeia tem se mostrado receptiva a itens de maior valor agregado, como autopeças e bebidas.
A reeleição de Donald Trump e a retomada de medidas protecionistas nos Estados Unidos impuseram novas barreiras ao comércio. Para Oliveira, isso exige agilidade das companhias. “As empresas que contam com governança, dados e planejamento tributário conseguem não apenas mitigar riscos, mas também avançar quando concorrentes ficam para trás”, observa.
Outro elemento que tem contribuído para a manutenção da competitividade é a digitalização dos processos logísticos e cambiais. Plataformas integradas permitem monitorar gargalos, controlar operações de câmbio e reduzir prazos de entrega. No Brasil, uma importação leva em média 13 dias úteis — o dobro da média global, segundo dados do Banco Mundial e da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A tecnologia, portanto, torna-se um diferencial estratégico.
A avaliação de Oliveira é que três fatores se destacam na explicação para o superávit e podem orientar empresas que buscam expandir sua presença internacional: o uso consistente do Drawback para reduzir custos, a diversificação de mercados diante da instabilidade tarifária e a digitalização para ganhar eficiência operacional. “O superávit mostra a força do agronegócio e da indústria, mas também deixa claro que depender de poucos mercados é arriscado. Diversificação e regimes como o Drawback, aliados à gestão cambial e tecnológica, são ferramentas essenciais para sustentar a competitividade”, reforça.
Papel estratégico do Brasil – Apesar do cenário adverso, o saldo positivo indica que o país conseguiu se reposicionar nas rotas globais de comércio. A expectativa é que, até o final de 2025, a combinação de inteligência de mercado, incentivos fiscais e investimento em tecnologia logística mantenha o Brasil entre os principais fornecedores estratégicos de diferentes blocos econômicos.
A Saygo, empresa liderada por Oliveira, atua justamente nesse processo de apoio às companhias que buscam expandir fronteiras. A holding reúne mais de 23 anos de experiência, resultado da integração entre a Proseftur Assessoria em Comércio Exterior e a Zebra Corretora de Câmbio. A proposta é oferecer soluções completas em operações internacionais, serviços cambiais e tecnologias para otimizar processos, auxiliando exportadores e importadores a se consolidarem no mercado global.