A indústria brasileira de alimentos industrializados encerrou setembro com exportações de US$ 6,1 bilhões, alta de 3,4% em relação a agosto e de 1% sobre o mesmo mês de 2024, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA). O resultado foi impulsionado pela expansão das vendas a mercados alternativos, que ajudaram a compensar os impactos da tarifa adicional de 50% imposta pelos Estados Unidos, medida que derrubou os embarques para o país em 14% no mês e em 34,5% na comparação anual.
O presidente executivo da ABIA, João Dornellas, destacou a resiliência do setor em meio ao cenário global desafiador. “Mesmo com volatilidade cambial e oscilações no mercado de commodities, a indústria mantém desempenho consistente e diversificado. Mercados alternativos estão se consolidando e podem redesenhar o mapa das exportações brasileiras”, afirmou.
O México se destacou pelo segundo mês consecutivo, com US$ 217,7 milhões em compras — avanço de 94,4% sobre setembro de 2024 —, impulsionado pelo aumento de 102,6% nas exportações de proteínas animais. As Filipinas também ampliaram as importações para US$ 216,7 milhões (+71,3%), seguidas por Índia (US$ 168 milhões, +62,9%), Arábia Saudita (US$ 233 milhões, +31%) e Emirados Árabes (US$ 229,4 milhões, +5,5%). Enquanto isso, os efeitos do “tarifaço” norte-americano continuam a pesar. As vendas de açúcares recuaram 76,2%, praticamente zerando as exportações no período, e as de proteínas animais caíram 50,6% em relação a setembro de 2024. Sucos foram uma das poucas exceções, com alta anual de 17,8%.
China segue líder e Liga Árabe ganha relevância – A China permanece como principal destino dos alimentos industrializados brasileiros, com US$ 1,3 bilhão exportados em setembro — crescimento de 25% sobre o ano anterior e participação de 21,3% no total. Já os países da Liga Árabe somaram US$ 1,04 bilhão, alta de 24%, impulsionados por açúcares, proteína animal e farelo de soja.
A União Europeia aparece em seguida, com US$ 715,9 milhões (+9,3% sobre agosto), embora tenha registrado queda anual de 6,6%. Para Dornellas, a diversificação geográfica é essencial para sustentar o crescimento do setor e garantir competitividade. “O Brasil precisa recompor fluxos com o mercado americano, mas também fortalecer relações com novos parceiros. Preservar o acesso previsível e competitivo aos Estados Unidos é fundamental para manter o papel estratégico do país como fornecedor global”, concluiu.