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Especialistas apontam condições para recuperar áreas degradadas no Pará

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Evento apresenta capacitação on-line da Embrapa e discute entraves como fome, falta de financiamento e necessidade de apoio público para transformar a restauração em estratégia de renda e sustentabilidade.

 

A recuperação de áreas degradadas na Amazônia voltou ao centro das discussões durante um painel realizado nesta sexta-feira (15/11). Pesquisadores, gestores e representantes da sociedade civil destacaram que o país já dispõe de conhecimento técnico acumulado para avançar na recomposição florestal, mas ainda enfrenta entraves estruturais ligados ao crédito, à regularização fundiária e à assistência técnica — fatores decisivos para transformar metas ambientais em prática no território.

No encontro, a Embrapa apresentou o curso on-line “Trilhas de Aprendizagem em Recomposição de Áreas Degradadas ou Alteradas”, módulo Amazônia, disponível gratuitamente na plataforma E-campo. A formação reúne três módulos e carga horária de 48 horas, abordando desde estratégias de vegetação nativa até métodos de monitoramento, com certificado de conclusão. Segundo a pesquisadora Noemi Leão, o conteúdo reflete “quatro décadas de pesquisa florestal na Amazônia”, traduzidas em linguagem acessível para técnicos, produtores, estudantes e gestores públicos. Já Silvio Brienza ressaltou que o curso compartilha conhecimentos sobre “espécies potenciais, zoneamento topoclimático e estratégias de restauração”.

Os desafios, no entanto, são significativos. Apenas no Pará, o passivo ambiental chega a 23,2 milhões de hectares de áreas abertas, distribuídas sobretudo em propriedades privadas e assentamentos. Para a promotora agrária Alexssandra Madergan, a restauração só avança se as famílias tiverem condições mínimas de vida. “É impossível restaurar se essas famílias passam fome. É fundamental pensar em modelos de restauração que gerem renda e tragam dignidade”, afirmou.

Além da dimensão social, o financiamento ainda é um gargalo. Segundo Ludmila Pugliese, da Conservação Internacional, mesmo intervenções simples exigem investimento. “É preciso destravar mecanismos de financiamento para a restauração e fazer com que cheguem na ponta”, disse. Ela reforça que capacitação é o caminho para ampliar escala: “Esse curso cria bases para dar escala à restauração”.

O debate contou ainda com representantes das Secretarias Estaduais de Agricultura Familiar, Meio Ambiente e Sustentabilidade, do Ideflor-Bio e da Federação da Agricultura do Pará, reforçando a necessidade de atuação conjunta para que a restauração florestal se torne efetiva, inclusiva e economicamente viável.

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