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Demanda fraca pressiona preços do suíno e exportações seguem em ritmo recorde

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Relatório do Cepea mostra recuo nas cotações internas, perda no poder de compra do produtor e avanço histórico nos embarques para Japão e México, que ganham peso na pauta exportadora.

 

O mercado de suínos encerrou outubro em um cenário marcado por enfraquecimento da demanda doméstica e perda de força nas cotações ao produtor, segundo o Boletim do Suíno do Cepea. Mesmo com o setor exportador atuando em ritmo acelerado, o consumo interno mais contido, especialmente na segunda quinzena do mês, limitou a sustentação dos preços.

Em setembro, a carne suína havia alcançado o maior patamar nominal de 2025, encarecimento que reduziu o apetite da ponta final e manteve pressão sobre os valores em outubro. Na praça SP-5, o suíno vivo posto na indústria fechou o mês a R$ 8,78/kg, queda de 5% frente a setembro. Em Patos de Minas (MG), o recuo foi de 6,5%, com média de R$ 8,23/kg.

Os agentes consultados pelo Cepea estão divididos quanto às perspectivas para novembro. Parte deles espera reação dos preços, sustentada pelo consumo sazonal mais aquecido e pela menor oferta interna. Outros temem que ajustes na carne — decorrentes dos valores elevados do animal vivo em setembro — reduzam ainda mais o ritmo de compra da população.

No campo das exportações, o relatório mostra desempenho excepcional. Outubro registrou a segunda maior quantidade embarcada na história, com 142,7 mil toneladas — 10% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses, os embarques somam 1,25 milhão de toneladas, um recorde para o período.

O avanço recente se concentra principalmente em Japão e México, que assumiram a segunda e a terceira posição entre os maiores destinos, ultrapassando parceiros tradicionais como China e Hong Kong. No caso japonês, o Brasil já superou todo o volume enviado em 2024 e ampliou significativamente sua participação desde 2023. Para o México, as vendas cresceram quase 50% nos primeiros dez meses de 2025.

O poder de compra do produtor paulista recuou em outubro diante do aumento do milho e da queda mais intensa no preço do suíno vivo. A relação de troca suíno/milho caiu 5,8% no mês, enquanto a troca suíno/farelo recuou 3,6%. Ainda assim, ambos permanecem acima do início do ano, sinalizando evolução ao longo de 2025.

Mesmo com o recuo das cotações, a carne suína ganhou competitividade frente ao frango pela primeira vez desde o episódio de gripe aviária em maio. Com o frango valorizando 6% em outubro e a carcaça suína recuando 6,8%, a diferença entre ambas diminuiu 23,2%. O produto também ampliou vantagem frente à carne bovina.

O Cepea conclui que o setor atravessa um momento de forças opostas: enquanto o consumo interno se retrai, o mercado externo sustenta a atividade em níveis historicamente elevados.

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