Brasil reúne condições únicas para liderar revolução agrivoltaica global

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O Brasil tem potencial para se tornar líder mundial em sistemas agrivoltaicos, modelo que combina produção agrícola e geração de energia solar em um mesmo espaço. A avaliação foi destaque no painel sobre o tema realizado durante o Intersolar Summit Brasil Sul 2025, em Porto Alegre, evento que reuniu especialistas, produtores e representantes do setor energético.

A tecnologia consiste na instalação de painéis fotovoltaicos acima das lavouras, permitindo o cultivo sob as estruturas. Essa integração otimiza o uso da terra e aumenta a eficiência produtiva, já que a sombra parcial favorece o desenvolvimento de determinadas culturas e reduz o consumo de água. “Os painéis solares vieram para ajudar o agricultor, não para competir com o espaço das lavouras. Eles equilibram a iluminação e garantem energia limpa no campo”, explicou Ricardo Rüther, diretor do Laboratório de Energia Solar Fotovoltaica da UFSC.

Em países como Alemanha, China, Coreia do Sul, Japão e França, o modelo já apresenta resultados expressivos. O Brasil, no entanto, possui vantagens naturais: território 24 vezes maior que o alemão e um índice médio de irradiação solar de 2.100 kWh/m²/ano, o dobro do potencial europeu. “Além do ganho econômico, o agrivoltaico contribui para a fixação da população no campo, aumenta a resiliência das comunidades rurais e melhora o ambiente local”, destacou Laís Cassanta Vidotto, gerente de Novos Negócios da SunR Reciclagem Fotovoltaica.

No Brasil, sistemas semelhantes já alimentam bombas de irrigação, estufas e cercas elétricas, mas o avanço em larga escala ainda enfrenta barreiras. Entre elas estão custos de implantação e manutenção, especialmente para a agricultura familiar, e falta de regulamentação e capacitação técnica. “O baixo poder de investimento e a carência de profissionais especializados são entraves importantes”, alerta Vidotto.

Para especialistas, o agrivoltaico é peça-chave na transição energética do agronegócio, fortalecendo o papel do setor rural na geração de energia limpa e sustentável. Com políticas públicas adequadas e apoio técnico, o país pode transformar sua abundância solar em vantagem competitiva global — produzindo alimentos e energia no mesmo solo.