Novo selo reconhece produtores que adotam práticas sustentáveis, integra ciência e mercado e posiciona a pecuária brasileira como referência global em sistemas de baixa emissão e uso eficiente da terra.
A COP30 foi o palco escolhido para anunciar um novo instrumento de valorização da pecuária sustentável brasileira: o selo Carne Baixo Carbono (CBC), certificação criada para identificar propriedades que adotam práticas agropecuárias capazes de reduzir emissões e aumentar a captura de carbono. A iniciativa é baseada no Protocolo Carne Baixo Carbono, desenvolvido pela Embrapa em parceria com a MBRF e com apoio da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
A nova certificação reconhece sistemas produtivos que intensificam a eficiência do uso da terra, como integração lavoura-pecuária (ILP), pastagens de alto desempenho, recuperação de áreas degradadas e manejo aprimorado de solo e água. Esses métodos elevam a produtividade, ampliam o sequestro de carbono e diminuem a pressão por abertura de novas áreas. Para o consumidor, o selo representa segurança de que a carne segue critérios ambientais rigorosos e auditáveis.
Natália Grossi, da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, destaca que a certificação fortalece políticas nacionais. “Apoiamos iniciativas como esta que aceleram a adoção de tecnologias de baixo carbono previstas no Plano ABC+ […] podendo posicionar o Brasil como liderança global em agricultura sustentável”, afirma. Ela reforça que os produtores certificados devem ganhar em eficiência e mercado, visto que terão “pastos mais produtivos, valorização da carne, acesso a mercados mais exigentes e aumento da resiliência da fazenda”.
Para a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, o lançamento representa um salto institucional. “Com o selo, damos um passo decisivo na consolidação de uma cadeia de carne bovina de baixo carbono, transparente, auditável e capaz de gerar valor tanto para o produtor quanto para o consumidor”. Segundo ela, o Protocolo CBC traduz em métricas claras o compromisso de reduzir emissões e fomentar boas práticas como ILP, recuperação de pastagens e manejo do solo.
A adoção inicial do selo pela MBRF reforça o vínculo entre ciência e indústria. A companhia, responsável pelo programa Verde+, atuará como uma das primeiras a utilizar a certificação em seu portfólio de carne bovina. “Promovemos ações contínuas para uma pecuária de baixo carbono, 100% monitorada, livre de desmatamento e inclusiva. A Carne Baixo Carbono é um reconhecimento que valida nossos esforços e destaca a importância da integração entre ciência e campo”, diz Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade da empresa.
Silvia Massruhá ressalta que a parceria com a MBRF marca um novo momento para a pecuária nacional. “Essa certificação é resultado direto da ciência aplicada ao campo e da união entre o setor público e o setor privado em torno de um mesmo propósito: produzir mais, com menor impacto ambiental.”
A expectativa é que a certificação estimule adesão crescente de produtores e se torne um marco da transição para sistemas pecuários de baixa emissão, contribuindo para as metas nacionais de descarbonização no âmbito do Acordo de Paris e para a reputação internacional da carne brasileira.


