Brasil deve ter novo recorde nas entregas de fertilizantes em 2025

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Projeção aponta 48,2 milhões de toneladas, alta de 1% sobre 2024, com mudança no perfil dos produtos importados.

 

Mesmo diante de um cenário de custos elevados e gargalos logísticos, o Brasil deve encerrar 2025 com um novo recorde nas entregas de fertilizantes. Segundo estimativa apresentada pela Agrinvest durante o Simpósio Sindiadubos NPK 2025, realizado em Curitiba (PR), o volume total deve alcançar 48,2 milhões de toneladas, o que representa crescimento de 1% em relação a 2024.

“Já está consolidado que será um volume recorde de produtos. Ainda falta confirmar alguns dados, mas, neste momento, enxergamos um aumento de 1% em relação a 2024”, afirmou o analista de fertilizantes da Agrinvest, Jeferson Souza. O evento, promovido pelo Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas do Paraná (Sindiadubos-PR), reuniu 1,1 mil participantes do Brasil e do exterior.

Embora os números indiquem um desempenho positivo, o presidente do Sindiadubos, Aluisio Schwartz Teixeira, ressaltou uma mudança no perfil das importações. “Não há dúvida que o volume de fertilizantes entregue vai aumentar este ano, mas houve uma modificação nas importações: os preços vieram subindo paulatinamente e, por questão de custo, o produtor brasileiro comprou produtos com menor concentração de nutrientes, principalmente da China.”

Os embarques chineses de fertilizantes supersimples para o Brasil dobraram de 300 mil para 600 mil toneladas, enquanto os de NP (nitrogênio e fósforo) passaram de 900 mil para 2 milhões de toneladas. O sulfato de amônio teve o salto mais expressivo, com incremento de 1,5 milhão de toneladas.

Segundo Souza, o país tem importado grandes volumes para compensar a menor concentração dos produtos. “Projetamos queda em fósforo e a dúvida é se teremos crescimento nas entregas de nitrogênio e potássio neste ano”, observou. Ainda assim, o analista avalia que não haverá prejuízos à produtividade. “Estamos reduzindo as doses de P₂O₅ sobre o solo brasileiro, mas temos algumas reservas de fósforo, já que nossos solos tiveram bons abastecimentos nos últimos anos.”

Os desafios da cadeia logística também foram tema do simpósio. O aumento das importações chinesas gerou filas de até 60 dias no Porto de Paranaguá, com custos adicionais de demurrage entre US$ 20 e US$ 25 por dia. Somaram-se a isso a inadimplência de produtores rurais e os impactos das mudanças nas regras de frete da ANTT, que elevaram o custo de transporte.

Apesar das dificuldades, Teixeira mantém o otimismo: “As empresas de fertilizantes continuam investindo forte e abrindo novos polos. Até agora o Brasil não tem sofrido nenhum tipo de sanção comercial, aceita fertilizantes do mundo todo e consegue aumentar a produção de grãos sem desmatamento, em áreas de pastagens degradadas”. O dirigente acredita que o patamar de 50 milhões de toneladas, previsto para 2050, poderá ser atingido já até 2028.