Criada pela Embrapa, a AgriZone reunirá tecnologias de baixo carbono, sistemas agroflorestais e saberes tradicionais em um espaço de inovação e cooperação científica.
A Embrapa anunciou a criação da AgriZone, um espaço dedicado à inovação agrícola sustentável que será um dos destaques da COP30, em Belém (PA), em novembro. A iniciativa funcionará como ponto de encontro entre ciência, tecnologia, saberes tradicionais e cooperação internacional, com foco em soluções para a adaptação climática, segurança alimentar e combate à fome.
Instalada na unidade da Embrapa Amazônia Oriental, a AgriZone ficará a cerca de 1,8 km dos pavilhões oficiais e promoverá cerca de 400 atividades durante o evento. O espaço apresentará vitrines vivas e digitais com mais de 45 cultivares, 30 sistemas agropecuários sustentáveis, tecnologias de baixo carbono, agricultura de precisão, bioeconomia e sistemas agroflorestais.
A AgriZone foi pensada para aproximar a agenda climática da realidade das pessoas, destacando como as mudanças do clima impactam diretamente a produção de alimentos e os meios de subsistência. Para Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, o espaço será um elo entre ciência e sociedade. “Trabalhamos com todas as culturas e sistemas — do açaí ao zebu — e vemos a AgriZone como uma ponte para fortalecer a cooperação internacional e implementar ações alinhadas à segurança alimentar e à sustentabilidade”.
A iniciativa está inserida na Aliança Global contra a Fome e pela Agricultura Sustentável, lançada em 2024 com apoio do Brasil e parceiros do Sul Global. O objetivo é ampliar o financiamento climático para agricultores familiares, que hoje recebem menos de 2% dos recursos disponíveis. A proposta também inclui a Declaração de Belém, que será apresentada durante a cúpula de líderes da COP30 e defenderá políticas focadas em adaptação, redução da pobreza e proteção de comunidades rurais.
Vitrine e cooperação – Entre as atrações da AgriZone estão um meliponário com abelhas nativas, a Capoeira do Black — área florestal monitorada por drones e inteligência artificial —, o Núcleo de Responsabilidade Socioambiental, tecnologias sociais de biofortificação e sistemas de compostagem, hortas e saneamento rural.
A Fazenda Álvaro Adolfo será outro destaque, reunindo cultivos de soja, milho, trigo, arroz, caupi e amendoim em arranjos de baixo carbono, além de sistemas integrados como ILPF com eucalipto e teca. Haverá ainda demonstrações de arranjos agroflorestais com café robusta amazônico, cacau, banana, bacuri e açaí, evidenciando o potencial produtivo da região.
Mais do que uma mostra tecnológica, a AgriZone pretende ser um espaço de cooperação e construção coletiva. A Embrapa utilizará o ambiente para promover debates, painéis científicos, demonstrações e exposições, reforçando seu papel como articuladora de soluções inovadoras e adaptativas para os desafios globais.
Sob a presidência brasileira, a COP30 quer ser lembrada como a “COP da implementação”, voltada a ações concretas de mitigação e adaptação. Para os organizadores, alimentação e agricultura serão as chaves para aproximar a agenda climática da vida das pessoas, ao mostrar que é possível produzir de forma sustentável, proteger ecossistemas e garantir a segurança alimentar global.
A AgriZone será, portanto, um símbolo do papel estratégico do Brasil na transformação dos sistemas agroalimentares globais, mostrando ao mundo que inovação e sustentabilidade podem caminhar lado a lado no enfrentamento das mudanças climáticas.