Empresas comercializaram 2.577.619 milhões de toneladas no ano passado, cravaram o segundo melhor ano da história e já começam 2025 com 179.328 mil toneladas vendidas, 6,86% a mais do que em janeiro de 2024.
É a pecuária internacional que move o mundo atualmente. Como nunca, o Boi Brasil exportou tanto e abateu animais como em 2024. Mais de três milhões de toneladas embarcadas para 115 países. Com valores 11% acima de 2023. Foram quase 39 milhões de cabeças abatidas. Onze milhões de toneladas produzidas. Resultado direto e já previsto pelos números da inseminação artificial de 2020 e 2021. Um consumo interno ultrapassando depois de muito tempo o patamar dos 30 quilos por habitante ao ano. E a sinalização para 2025 é igualmente otimista. O cenário foi debatido, prognosticado e comemorado por pecuaristas, executivos e especialistas do mercado pecuário durante a primeira reunião da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM), realizada em São Paulo, na segunda semana de fevereiro.
“Dá quase para pegar na mão o ciclo pecuário. Pela primeira vez na história, estamos abatendo um número recorde de novilhas sobre as fêmeas. Animais jovens. Chegou a 31,3%. É crescente e, pela primeira vez, passou de 30%. Um animal em duas frentes de fornecimento: abate e reprodução/engorda. Com ganho de eficiência. Vamos começar em 2025 com preço alto de bezerro, e no devido momento, o aquecimento do preço da arroba do Boi, isso, principalmente em 2026. A passos largos. Estamos valorizando as categorias mais jovens da pecuária. E prolongando os valores da arroba”, analisou Rodrigo Albuquerque, pecuarista, médico veterinário, analista do mercado e autor das informações do espaço digital ‘Notícias do Front’.
Ele comandou a jornada da ‘Viagem pecuária de 2024’, promovido pela ASBRAM para acompanhar de perto toda a movimentação da carne bovina brasileira, com análises diretas realizadas em fevereiro, junho e setembro e fechamento em fevereiro de 2025. Um trabalho que vai se repetir em 2025. “O bezerro inicia agora uma real recuperação de valores. Com abate de fêmeas caindo e o boi iniciando a retomada nominal dos preços, em termos reais. Agora, sempre vale o alerta de que todas as viagens do boi seguem até o consumidor brasileiro, puxar as rédeas”; completou Rodrigo.
Este panorama vem reverberando de imediato na comercialização de suplementos minerais das empresas ligadas à ASBRAM, que representam mais de 70% do mercado, pelas fazendas brasileiras produtoras de carne e leite, desde a metade do ano passado. O setor fechou 2024 comercializando 2.577.619 toneladas, 6,74% acima de 2023, o segundo melhor ano em volume na história, com destaque para a categoria ‘pronto para uso’, com 935,4 mil toneladas, e 71 milhões de cabeças suplementadas. E um movimento interessante para a categoria leite, novamente subindo na casa dos dois dígitos. “E, apesar de um recuo em dezembro, as vendas voltaram a se fortalecer em janeiro. 179.328 mil toneladas, entregues. Vide tabela abaixo, onde o mês de janeiro de 2025, é comparado ao de 2024:
E o setor do leite avançando 10,4% a mais sobre o mesmo mês do ano passado, que foi o primeiro levantamento que realizamos na categoria”, examinou Felippe Cauê Serigatti, Cientista Econômico, professor da Fundação Getúlio Vargas – FGV Agro e responsável pelo Painel de Comercialização de Suplementos Minerais da ASBRAM. O horizonte otimista é referendado por Rodrigo Albuquerque, que enxerga novas variações no ciclo pecuário. O abate forte de fêmeas permanece, mas com ‘cheiro de topo’. E vai ter reversão no resto da temporada. Esperamos que o preço suba em maio de 2027. Tendência de bezerro a R$ 4 mil e boi a R$ 8 mil. Exportando forte.
“Vamos começar a olhar os quadrantes de baixa do ciclo. É difícil deixar de parar de abater fêmeas. Mas o auge vai ocorrer em algum momento de 2025, segundo semestre, ou 2026. Os destinos são contratados porque é uma atividade de ciclo longo. O ciclo aponta; mas a força do movimento é formada na fronteira do atacado/varejo, com influência cada vez maior das exportações, por causa de volume, novas habilitações e novos acordos bilaterais e a própria questão do dólar. Nutrição e conhecimento de pasto serão cada vez mais valorizados. É por isso que entrei no negócio da Cria. A maior safra brasileira não é de grãos. É de pasto. A genética bovina nunca esteve tão perto do prato. Vivemos o ápice da revolução zootécnica da pecuária brasileira. Há três décadas, eram 65 meses. Hoje, são 42 meses e outros 24 meses. O pecuarista está ficando maior e mais complexo. A venda de boi está passando para contratos de 2 a 4 anos. Com a chegada de cooperativas e agrupamentos de pessoas. Mais de 70% das compras vão para contratos de fornecimento. O Boi jamais pisou em problemas ambientais. E recebe até 3% a mais hoje por causa do ESG. Fazenda limpa ambientalmente. São até 9 reais por arroba. É uma realidade”, refletiu Rodrigo.
Sem antes reconhecer que o setor ainda aposta na venda de fêmeas e bois, e que os frigoríficos seguem duros na negociação de contratos, porém com um ‘apetite longo’. “Mais um sinal de que é hora de estruturar melhor a fazenda. Preparando-se para a próxima crise, em 2028, se ela vier? (Ciclo Pecuário). Ter cuidado com as operações de engorda, lastreadas em seguro financeiro, usando os instrumentos de venda. O oxigênio dos negócios é o lucro, não é mais a lida”, concluiu.
Para isso, a conjuntura nacional e internacional pode contribuir. Felippe Cauê Serigatti comentou que a economia mundial vai ter ligeira expansão neste ano de 2025, de 3,4% na média, mesmo com desafios. “Os EUA crescem bem nas mãos de Trump. E a China também. As nações europeias avançam com timidez. Mas existem atritos e riscos comerciais e geopolíticos. E o dólar segue como porto seguro dos investidores. O Brasil vai crescer menos neste ano e, se não corrigir a rota, vai prejudicar ainda mais o desempenho econômico em 2026. O país gastou como não ocorria desde 2010. E o agro vai seguir sendo a âncora, independentemente de qualquer cenário econômico. Não existe nenhum trem fantasma pela frente. Mas se a rota for corrigida, será mais seguro para bons resultados, incluindo a cadeia produtiva inteira da pecuária”, acrescentou.
“É muito gratificante reunirmos mais de sessenta colegas em nosso primeiro encontro do ano. E nas duas últimas reuniões, foram quase duzentas pessoas participantes. Iniciamos um período muito positivo. Para a pecuária brasileira, uma intensa agenda de debates com amigos e parceiros e lembrando-lhes que esse ano teremos o nosso grande Simpósio, que vai ser realizado em 25 e 26 de setembro, em Campinas (SP), no hotel Royal Palm. Tomara que, até lá, possamos estar comemorando uma ASBRAM ainda mais forte, com mais de cem empresas do segmento afiliadas, em nosso caminho de produzir alimentos, para milhões de pessoas no Brasil e no exterior”, ratificou o Presidente da entidade, Fernando Penteado Cardoso Neto.