Relatório destaca presença histórica das cooperativas em todas as zonas oficiais do evento e aponta desafios políticos deixados pela “COP da Verdade”.
A COP30, encerrada no dia 22 de novembro em Belém, foi avaliada pelo Sistema OCB como uma conferência marcada por forte participação social, avanços em temas de justiça climática e gênero, e ao mesmo tempo por lacunas importantes em debates estruturantes da política ambiental global. A análise publicada pela entidade evidencia o esforço do cooperativismo brasileiro para ocupar espaços estratégicos na agenda climática e traduzir, para a sociedade e para os negociadores, a contribuição do setor para um modelo de desenvolvimento sustentável.
Segundo o relatório, 2025 foi um ano de preparação intensa para assegurar presença qualificada das cooperativas no evento. Entre as ações destacam-se imersões pré-COP, articulação com parceiros nacionais e internacionais, participação em encontros preparatórios e a publicação do Manifesto do Cooperativismo Brasileiro para a COP30. Essas iniciativas permitiram que o movimento cooperativista chegasse ao evento já com propostas estruturadas e capacidade de diálogo.
A participação se materializou de forma robusta nas três zonas oficiais —GreenZone, AgriZone e BlueZone. Na GreenZone, aberta ao público, o Pavilhão Coop recebeu grande fluxo de visitantes: mais de 294 mil pessoas, com pico superior a 37 mil em um único dia, de acordo com dados oficiais do governo brasileiro. Oficinas, painéis e atividades culturais marcaram o espaço, reforçando a estratégia de aproximar o debate climático da população.
Na AgriZone, liderada pela Embrapa Amazônia, o cooperativismo levou cases ambientais de diferentes regiões do país, promoveu oficinas e participou de 15 painéis temáticos. O estande das cooperativas integrou a feira que recebeu mais de 24 mil pessoas durante a COP. Na BlueZone, palco das negociações oficiais, representantes da OCB atuaram em sete painéis, inclusive no Pavilhão do Brasil. A presença também se estendeu à Casa do Seguro, com destaque às conquistas recentes do ramo de seguros cooperativos.
No total, o Sistema OCB contabiliza uma presença notável: 36 cooperativas envolvidas, 34 painéis organizados ou integrados, 34 oficinas, e mais de 60 cases brasileiros apresentados ao público internacional. Além disso, a feira de produtos cooperativistas somou R$ 135 mil em vendas, com 3.883 itens comercializados por 11 cooperativas.
A análise também examina o comportamento político da Conferência. Para a OCB, a COP30 — chamada de “COP da Verdade”— ocorreu em meio a um cenário de incertezas geopolíticas: ausência dos Estados Unidos nas discussões climáticas, enfraquecimento da política ambiental na União Europeia e desafios logísticos em Belém. A despeito desse ambiente, o evento teve destaque inédito para pautas sociais. No entanto, temas considerados centrais — como financiamento climático, combustíveis fósseis e desmatamento — avançaram pouco.
O relatório observa que, diante do limitado progresso nas negociações formais, o Brasil buscou liderar iniciativas paralelas de longo prazo, como a Missão Belém 1.5, o Acelerador Global de Implementação e o Fundo Florestas Tropicais Sempre, que já reúne compromissos de US$ 5,5 bilhões para proteção de florestas. Essas iniciativas, segundo a análise, podem ampliar a capacidade de cooperação internacional e influenciar o rumo das próximas conferências.
A conclusão do relatório destaca que, apesar das incertezas iniciais, a COP30 consolidou uma presença social histórica e reforçou o papel das cooperativas como agentes de soluções climáticas. O Sistema OCB afirma que seguirá atuando para aprofundar a participação do cooperativismo na agenda internacional do clima — tanto no pós-COP30 quanto na preparação para as conferências futuras.


